segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Samurais Brasileiros

O “exército” do vôlei brasileiro parece ter se inspirado nos samurais japoneses no Mundial de vôlei. A disciplina, treinamento, bravura, concentração e defesa da honra dos samurais foi o
resultado do bi mundial. A conduta rígida de Bernardinho, o bushido (o caminho guerreiro) dos brasileiros que enfatizava as qualidades de lealdade, bravura e resistência, junto com o talento, marcou esse time como um dos maiores times de esportes coletivos da história. Lealdade como a de Giba na entrega do prêmio de melhor jogador do torneio, que dedicou ao amigo e levantador do Brasil, Ricardinho. Defesa da honra por não engolir a derrota para a França na primeira fase e fazer dessa derrota a motivação e alerta para todos os jogos.

Através de um erro, a seleção ganhou forças para acertar mais e triturar os rivais até a decisão, dando exemplo de bravura. Resistência em manter o nível de excelência que essa equipe atingiu e chegar a 20 finais em 21 campeonatos disputados. E a pitada brasileira nesta mistura nipônica: o talento de Ricardinho em escolher a melhor jogada e fazer o time jogar de forma tão brilhante há tanto tempo, o talento de Giba, Dante, Serginho, André Nascimento, Gustavo, Rodrigão, Anderson, Samuel, Murilo, André Heller e Marcelo; e a direção e comando impecável, sempre elogiado e irretocável de Bernardinho, maior técnico da história do esporte brasileiro. O chefe destes samurais sabe dessas qualidades e nunca deixou de aproveitá-las e de mostrar aos jogadores que sem elas nunca seriam campeões. A final coroou essa jornada e fechou um ciclo desse time vitorioso com o título Mundial em 2002,

Olimpíadas em 2004, seis vezes campeão da Liga Mundial e o bi Mundial no Japão.

Nem parecia uma decisão, o time brasileiro não tomou conhecimento da Polônia, até então invicta na competição, e massacrou com um 25 a 12, com um show de Ricardinho na distribuição de bolas, a defesa brasileira trabalhando de forma perfeita, e o saque poderoso do Brasil que desmontou a defesa polonesa. Foi uma aula de vôlei. A disciplina e concentração samurais estiveram presentes nos guerreiros brasileiros no equilibrado segundo set. A Polônia entrou realmente em quadra e foi preciso um show de André Nascimento e da raça dde seus companheiros no final do set para o Brasil fechar em 25 a 22.

No terceiro set, Dante mostrou o porque de ser escolhido o melhor atacante do torneio. A Polônia se entregou no jogo e coube apenas reverenciar os samurais brasileiros, como as antigas castas japonesas faziam, admitindo sua superioridade. Coube a André Heller, disputando a bola de cheque, a última espadada, o golpe final, fechar o set e conquistar o décimo sétimo título da “Era Bernardinho”. Com uma campanha de 14 jogos e apenas uma derrota e seis sets perdidos, os samurais , do Brasil conquistam o Mundo mais uma vez. O tradicional “peixinho” da vitória, com os jogadores se jogando de alegria em quadra foi o último ato dos guerreiros em solo japonês. Samurais são aqueles que servem, servem ao seu mestre, ao vôlei brasileiro e servem o povo brasileiro de alegrias e orgulho a cada competição.

Com a “sorte” e com a raça

Pela nona vez na sua história em Copas do Mundo, o Brasil entrou em campo com a camisa azul. A primeira vez foi na final do Mundial de 1958 contra a Suécia. Depois de um sorteio, o Brasil foi obrigado a jogar com o uniforme. Paulo Machado de Carvalho, o marechal da vitória, já sabendo da superstição brasileira, deu a notícia aos jogadores enfatizando que o Brasil jogaria com a cor do manto de Nossa Senhora. Deu certo, os jogadores venceram a Suécia por 5 a 2 e a seleção conquistou seu primeiro título mundial. Em 2002, os craques são outros, mas a superstição é a mesma.

Pelas quartas de final da Copa, Brasil e Inglaterra se enfrentaram em um jogo tenso e que segundo os críticos mais ferozes, marcaria a eliminação do time de Luiz Felipe Scolari. Depois das fracas atuações nas fases anteriores, o Brasil entrou em campo melhor e dominando as ações do jogo contra uma das favoritas ao título. Com boa movimentação de Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo, o trio ofensivo brasileiro levava perigo ao gol de Seaman com toques rápidos. Até que aos 23 minutos do primeiro tempo, Heskey lançou mal para Owen mas, numa falha absurda, Lúcio dominou errado e deixou o jovem atacante inglês frente a frente com Marcos que nada pode fazer. O gol inglês não abalou o time brasileiro que continuou dominando o jogo. Os supersticiosos de plantão que já previam o fracasso, começaram a “caça as bruxas”. Os principais culpados seriam Lúcio e o polêmico e controvertido técnico Felipão. O Brasil apertava mas não conseguia criar chances claras de gol, a figa do técnico brasileiro parecia não funcionar. Até que a mística da camisa 10 da Seleção entrou em ação e Ronaldinho deu uma arrancada perfeita e deixou Rivaldo sozinho para acertar o canto num belo chute e empatar o jogo para a seleção canarinha. Isso já nos acréscimos do primeiro tempo, fazendo o torcedor voltar a acreditar na classificação para mais uma semifinal de Copa.

O segundo tempo começou com o Brasil pressionando a Inglaterra. A sorte parecia estar ao lado do time de Felipão e aos quatro minutos, em uma cobrança de falta magistral, Ronaldinho acertou o ângulo de Seaman, que adiantado, nada pode fazer. O manto azul brasileiro, que já tinha sido usado em um jogo de quartas de finais contra a Holanda em 1994, ia garantindo a vaga do time entre as quatro melhores seleções do torneio. Os supersticiosos já comemoravam a sorte da camisa e de Felipão, quando o melhor jogador do Brasil em campo, Ronaldinho deu uma entrada forte em Mills e foi expulso. A sorte parecia virar de lado e a torcida brasileira de apegava a qualquer amuleto para o jogo acabar rápido. O Brasil se fechou e manteve apenas Ronaldo e Rivaldo puxando os contra-ataques com subidas esporádicas de Roberto Carlos e Cafu. A Inglaterra passou a ter mais posse de bola mas não conseguia superar a defesa brasileira que estava bem postada. Ronaldo deu lugar a Edílson, mas o time não conseguiu encaixar um contra-ataque para matar o jogo. A Inglaterra continuava sem assustar o goleiro Marcos e a retranca armada por Scolari não dava espaço aos súditos da rainha. O técnico inglês, Erikson tentou modificar a maneira do time jogar mas o Brasil segurou bem e o jogo terminou 2 a 1. Festa verde-amarela e azul em Shizuoka e alívio para os dedos brasileiros cansados de fazer figa.

Se todo supersticioso gosta de um jogo como marco para uma arrancada para um título esse foi o jogo. Apesar de não exibir um grande futebol, o time de Felipão mostrou muita raça para superar a inferioridade numérica e a pressão inglesa. Um boa vitória do Brasil contra um rival antigo, que eliminou a Argentina da Copa na primeira fase, e que deixa o Brasil com mais moral e favorito para a semifinal contra a Turquia. Como diria o rei da superstição, Zagallo: só faltam dois jogos para o Penta.

Uruguai 1930. A cobertura da imprensa brasileira na primeira Copa do Mundo

RESUMO

O maior evento esportivo do mundo terá sua vigésima edição no Brasil em 2014. Pouco se discute sobre a sua primeira edição, realizada no Uruguai em 1930. O mundo vivia um período entre guerras e a FIFA se consolidava como entidade de comando do futebol no mundo. A cobertura da imprensa nacional já anunciava como seriam as outras coberturas de Copa do Mundo. A briga entre paulistas e cariocas ocasionou a não ida dos paulistas e o enfraquecimento da seleção. Curiosidades e casos inacreditáveis ajudam a entender como o futebol ainda engatinhava, mas já era uma paixão nacional.


PALAVRAS-CHAVE: futebol; copa; Uruguai; 1930; imprensa.


Introdução

Show de imagens, os maiores astros do futebol mundial, ingressos caros, estádios ultramodernos que custam bilhões de dólares e uma audiência fantástica em todo o mundo. Assim é a Copa do Mundo, que o Brasil sediará pela segunda vez em 2014. O evento se tornou, ao longo do tempo, mais disputado, organizado e divulgado.
Mas a sua primeira edição em 1930, não foi tão glamorosa assim. Poucos países se inscreveram, pouca gente assistiu, e apenas um estádio foi construído para a competição. Mas a forma com que ele foi disputado e a rivalidade presente em campo concretizava o que o presidente da FIFA na época já acreditava: o futebol se tornaria um esporte popular no mundo.
No Brasil ele já era popular e a cobertura da imprensa nacional mostra isso. Apesar das acusações constantes entre os jornais paulistas e cariocas, a Copa do Uruguai mostrou como a imprensa do “país do futebol” se comportaria no evento mais importante desse esporte e o quanto ele se enraizava na cultura nacional.


A Copa de Mundo de 1930

O futebol como conhecemos hoje teve início na Inglaterra, que, por influência de seu imperialismo no final do século XIX, expandiu essa forma do jogo pelo mundo. Os ingleses criaram as regras e fundaram o association football. Dessa nomenclatura vem o soccer. As(soc)iation e o prefixo “er” inglês. O esporte foi usado pelos britânicos para disciplinar e promover a ordem social nos operários e na sociedade, dominado pela elite cheia de interesses materiais.
“Os jogos foram introduzidos como estrutura de caráter, ensinando as virtudes de lideranças, lealdade e disciplina, sintetizando a nobre filosofia de mens sana in corpore sano. Os novos “cavalheiros cristãos” deveriam manter a ordem política e econômica no lar e, mais tarde, dar sustentação à expansão do império no exterior” (HARGRAVES apud. GIULIANOTTI, 2010, p.18)

O futebol ganhou força pelo mundo e a Inglaterra não conseguiu manter o controle administrativo e político do esporte. A maior prova disto foram sete nações que se reuniram e se organizaram na Fédération Internationale de Football Association, o nome significativamente francófono tentava quebrar o domínio britânico. Foram Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Espanha, Suécia e Suíça os primeiros integrantes da federação que comandaria o esporte mais popular do mundo. A FIFA foi fundada em 1904 e ainda viveu à sombra dos dirigentes ingleses que tinham um número de cadeiras maior no seu conselho e mantinham a entidade sob seu controle. Em 1906 o tesoureiro da FA inglesa, B. Wollfall, foi indicado para presidente da FIFA, e a relação com os outros países foi de cordialidade até 1911. Depois de alguns desentendimentos sobre novos participantes da entidade, como a Alemanha (já demonstrando o clima de guerra da Europa), e a briga sobre amadorismo, a Inglaterra rompeu com a FIFA.
Como o futebol reflete a história do mundo, o predomínio do imperialismo britânico perdeu força no início dos anos 20, e, consequentemente perdeu força também no futebol. O presidente da FIFA, na ocasião Monsieur Jules Rimet, francês, queria organizar um Campeonato Mundial de seleções sem ter a influência do Comitê Olímpico Internacional (COI). O COI queria o futebol como um evento apenas para amadores e divergia da FIFA, que queria a profissionalização.
Nos Jogos de 1900 e 1904, escolas de futebol disputaram o torneio representando países, assim Upton Park FC (Grã-Bretanhã) foi o primeiro campeão olímpico, vencendo o Club Française na final e o time canadense Galt City FC venceu em 1904. Em 1908 e em 1912 a Grã –Bretanha venceu a Dinamarca nas duas finais. Em 1920, já sob organização da FIFA mas dependente do COI, a Bélgica foi campeã. Em 1924 e 1928, o Uruguai ganhou o título de celeste olímpica devido a seu uniforme azul cor do céu, e as duas medalhas de ouro. Mas, como os próximos jogos olímpicos seriam em Los Angeles, o COI resolver retirar o futebol da disputa já que no país sede, EUA, o futebol americano, derivado do rugby, tinha mais fama e popularidade do que o soccer. Isso demonstra bem a política americana de criar coisas próprias e não absorver os esportes de outros países. Já que, com a certeza, depois de 1928 o futebol seria excluído das Olimpíadas, foi realizada uma assembléia em Amsterdã no dia da abertura dos jogos de futebol. Uma reunião do comitê da FIFA decidiu criar a Copa do Mundo. O evento, paralelo ao olímpico, também seria realizado de quatro em quatro anos. Os países Espanha, Suécia, Itália e Holanda e Uruguai se inscreveram para ter a honra de sediar a primeira copa da história.
No dia 18 de julho de 1929 em um congresso extraordinário da FIFA em Barcelona, no hotel Imperador, os 18 membros decidiram pelo Uruguai. Os motivos eram homenagear o país que comemoraria seu centenário no ano da realização da copa e um prêmio pelo bi-campeonato olímpico em 24 e em 28, que na época valia como campeonato mundial. A escolha do Uruguai era um marco para o surgimento de um novo mundo, sem o poderio e domínio britânico e com o reconhecimento dos países americanos e sul-americanos. Alguns europeus protestaram, principalmente os que tinham se oferecido para sede, mas Rimet gostaria que o torneio acontecesse longe dos olhos europeus e do COI.
O Uruguai se comprometeu a pagar todas as despesas dos participantes, mas os europeus não queriam se desgastar com a longa viagem de navio de três semanas. Um ano antes para o início da Copa nenhuma seleção européia tinha se inscrito. Alemanha, Suiça, Hungria, Áustria, Itália, Holanda e Tchecoslováquia desistiram. É claro que os franceses, compatriotas de Rimet, foram para o mundial. Juntamente com os romenos, impulsionados pelo seu recente eleito presidente Carol, que escalou e convocou os jogadores, que também vieram. Os belgas, pela relação amigável com Rimet e primeiros campeões de um torneio de seleções organizado pela FIFA e os iugoslavos completaram a lista. Itália e Espanha iam embarcar no Conte Verde, mas não compareceram. Há menos de um mês do pontapé inicial não se sabia quais seleções disputariam a Copa, qual seria a fórmula de disputa e quantas seleções iriam ao Uruguai.
Enquanto os europeus embarcavam para a longa viagem, o Uruguai construía o estádio Centenário, um dos maiores do mundo na época. A chuva constante, deixou o canteiro de obras um imenso lamaçal e mesmo com a Copa começando no dia 13 de julho, somente no dia 18 de julho o estádio ficou pronto e foi inaugurado, exatamente no dia da comemoração do centenário do país. Foram usados os estádios Parque Central, do Nacional e o Pócitos, do Peñarol, para os demais jogos.
Disputaram a Copa: Uruguai, Peru, Argentina, México, Chile, Brasil, Bolívia, Paraguai, México, Iugoslávia, Romênia, Bélgica e EUA. Foi a única Copa do Mundo que os países europeus não foram maioria, devido aos fatos já descritos acima. Os sul-americanos participaram em peso, e qualquer equipe que tivesse se inscrito disputaria o Mundial. Bem diferente de hoje, onde as eliminatórias movimentam o mundo inteiro. Todos os 210 países filiados à FIFA participam com o mesmo sonho: disputar a fase final da competição. Desses 210, apenas 32 times chegam para a disputa e sabem com seis meses de antecedência quem são seus adversários, a fórmula de disputa, em que local e hora o jogo será realizado. O evento cresceu e se tornou o maior evento esportivo do planeta. Um detalhe bastante significativo é a força política da FIFA que possui mais países afiliados do que a Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil viveu o clima da Copa, já que as delegações do México e EUA que a bordo do Munargo, deram uma parada no porto do Rio de Janeiro antes de seguir para a disputa no Uruguai, treinaram no campo do Fluminense e do Botafogo e passearam pela “Cidade Maravilhosa”. Até o embaixador mexicano foi visitar seus compatriotas e desejar boa sorte no torneio. Já o Brasil embarcou dia 2 de julho, no mesmo SS Conte Verde que trazia os europeus que partiram no dia 22 de junho. A multidão fez uma festa para a seleção, com banda de música, execução do Hino Nacional e Hino da Bandeira e, com escolta da Marinha Armada até o “vapor” ganhar o oceano. “O Conte Verde transpunha a barra levando em seu bojo os depositários da esperança de todos os verdadeiros sportmen de nossa pátria.” (JORNAL do BRASIL, 3/07/1930) A exceção foi a Iugoslávia, penúltima a chegar à bordo do navio SS Florida, à frente somente da Bolívia que quase não participou devido à revolução no país com o coronel Júlio Sanjunos assumindo e o presidente Siles se refugiando no Brasil.
A bordo do Conte Verde seguiam as delegações, os dirigentes da FIFA e a taça do mundo que o presidente encomendou a Abel Lafleur, que cobrou 50 mil francos pelo serviço, e valia 1.800 libras, feita de ouro maciço, pesando mais de 4 quilos. Segundo Rimet o ouro era para demonstrar a pureza do esporte. E o mesmo Rimet, dentro do Conte Verde elaborou a fórmula de disputa e os cabeça de chave do torneio. Definiu-se Argentina, Brasil e Uruguai como os cabeças de chave e na dúvida sobre Paraguai e EUA, colocaram os dois no mesmo grupo. Dividiram as seleções em 4 grupos, sendo 3 com três times e 1 com quatro equipes. Estava definida a tabela da primeira Copa do Mundo. O Conte Verde chegou no porto de Montevideo no dia 5 de julho à tarde, sendo recebido com uma imensa festa.
Dois jogos abriram a Copa do Mundo: França e México e Bélgica e EUA. Coube ao francês Lucien Laurent, aos 19 minutos, marcar o primeiro gol na história das Copas do Mundo. O Uruguai teve dificuldades para vencer seus jogos na fase de grupos, mas conseguiu se classificar e ganhar a vaga nas semifinais. Na sua estreia, no dia 18 de julho contra o Peru, metade da população da capital uruguaia estava no Estádio Centenário, que finalmente sediava um jogo de Copa e era inaugurado. O resultado do jogo, 1 a 0 para o Uruguai. Os argentinos também tiveram dificuldades com os adversários e com a torcida uruguaia, que não tratou cordialmente os seus vizinhos, o que valeu uma nota de protesto da AFA (Associação de Futebol Argentino), cujo presidente Pigner foi pedir explicações que foram prontamente respondidas pelos uruguaios. Os argentinos tinham o técnico mais novo de uma Copa: Juan Jose Tramutola, de apenas 27 anos. No outro grupo, os EUA conseguiram a classificação e a maior zebra para todos os especialistas foi a derrota brasileira para o Iugoslávia, que classificou a seleção dos balcãs e eliminou o Brasil. O time, com vários problemas e brigas entre as federações não conseguiu superar o frio e os iugoslavos na estreia e perdeu por 2 a 1. O frio era tanto que, cada jogador foi obrigado pelo técnico a jogar de blusa de lã por baixo do uniforme branco da seleção. Tudo para superar a temperatura de -3°C. O Brasil depois venceu a Bolívia mas não se classificou para a surpresa de todos. A equipe voltou para o Brasil a bordo do Sierra Morena e os jornalistas daquela época já pegavam no pé dos jogadores por conta de sua forma física. As manchetes após o desembarque era que todos os jogadores tinham engordado com a excursão. (OS SPORTS, 1930, 29/7)
No Uruguai seguia a Copa e para o sorteio das semifinais, dividiram Argentina e Uruguai. Coube aos uruguaios, após o sorteio, enfrentar os algozes do Brasil e os argentinos enfrentarem os americanos. Placar igual em 6 a 1 nos dois jogos e uma guerra nos jornais para afirmar quem era o melhor time e qual adversário era mais complicado, cada país inclinando-se com clareza para os seus compatriotas. A decisão de 1928, 2 a 1 para o Uruguai na final dos Jogos Olímpicos ainda estava viva na memória dos torcedores argentinos e uruguaios. Essa seria a revanche para os argentinos e a confirmação de sua superioridade no mundo do futebol para os uruguaios.
A final rendeu incidentes diplomáticos entre as duas nações. Cerca de 50 pessoas apedrejaram a embaixada uruguaia na Argentina após a derrota de 4 a 2. A AFA rompeu com a federação uruguaia depois da final. Cerca de 3.000 argentinos que seguiam para Montevideo para assistir à final, ficaram presos em um nevoeiro no rio da Prata e não conseguiram chegar a tempo ao Uruguai. Na Argentina, a população foi para a porta dos jornais e para as praças acompanhar os lances do jogo que chegavam pelo telegrama e telégrafo e eram anunciados pelo rádio. O comércio, assim como no Uruguai, foi fechado.
A decisão é recheada de boas histórias. Tendo atuado como “bandeirinha” no primeiro jogo da Copa entre México e França, caberia ao brasileiro Guilherme de Almeida Rego apitar a primeira final de copa da história. Preferido de Rimet, ele recusou a oferta pois tinha “deveres imperiosos que o chamavam ao Brasil”( DIÁRIO ESPORTIVO, 1930) e não teve que resolver o primeiro problema logo antes da bola rolar. Todas as bolas que foram usadas na Copa eram de fabricação argentina, mas na decisão, o clima era tão ruim que os uruguaios não confiaram nos esféricos dos “hermanos” e relutaram em entrar em campo caso não jogassem com a sua própria bola. O árbitro Sr. Jean Langenus, da Bélgica, teve que tomar uma decisão. Jogou-se cada tempo com uma bola, coincidência ou não, os argentinos venceram com a sua no primeiro tempo: 2 a 1; e os uruguaios venceram com a deles 3 a 0 no segundo tempo. Destaque também para as duas táticas das equipes na decisão. Os técnicos formaram as equipes com um 2-3-5, demonstrando a ofensividade do futebol naquela época. Os jogadores uruguaios receberam um incentivo a mais. O atleta que marcasse o gol do título ganharia um “lindo chalet, situado no lugar mais pitoresco de Montevideo” oferecido pela “Casa Picernas Construtora”( OS SPORTS, 1930, 29/7). Hector Castro, marcou aos 89 minutos de jogo, sacramentou a vitória celeste e deve ter passado bons momentos em seu novo chalet. Em todos os jornais os anfitriões foram tratados como tricampeões mundiais, já que o bicampeonato olímpico valia como uma Copa e era o campeonato promovido pela FIFA antes dela. Três atletas estiveram presentes nas três conquistas: Andrade, Scarone e Cea. Esses foram os primeiros tricampeões mundiais de futebol. O filho de Andrade, Victor Rodriguez também seria Campeão do Mundo em 1950, no Brasil.
Foi decretado feriado nacional no Uruguai e os trabalhadores puderam se juntar aos funcionários públicos, que nos dias de jogos trabalhavam pela manhã para poderem acompanhar os jogos e comemorarem logo depois. Detalhe que a final foi disputada em plena quarta-feira às 15 horas e trinta minutos, no dia 30 julho.
Outros fatos curiosos e inimagináveis no dia de hoje aconteceram na primeira Copa do Mundo. O jogador argentino Manuel Ferreyra não jogou contra o México pela primeira fase. Até aí tudo bem um atleta não jogar, o motivo é que mostra como a profissionalização do esporte engatinhava. Ferreyra tinha prova na faculdade. Melhor para a Argentina, pois no seu lugar entrou Stabile, marcou três dos seis gols argentinos no jogo e foi artilheiro da Copa. Depois disso, Ferreyra voltou ao time mas em outra posição.
Outro personagem curioso foi o técnico boliviano. Não foi pela bela campanha que realizou com seu time, já que perdeu para o Brasil e para a Iugoslávia por 4 a 0. Poderia ser pela situação inusitada no jogo contra os iugoslavos, que após perder um jogador com a perna quebrada, teve que jogar apenas com dez em campo já que não eram permitidas as alterações. Salcedo entrou para a história porque além de técnico, foi juiz no jogo Argentina e México, o mesmo que Ferreyra não pode atuar, vencido por 6 a 3 pela Argentina. E com a recusa do brasileiro em apitar a decisão, foi bandeirinha na final, sendo o primeiro e único boliviano presente em uma decisão de Copa do Mundo até hoje.
É claro que este Mundial não teve a mesma organização, tecnologia e cobertura da imprensa como nos dias de hoje. Mas todo o aparato possível na época foi disponibilizado para o evento. A paixão com que os jornais descreviam os jogos, as manchetes e a importância para a sociedade na época já anunciavam no que o evento se tornaria nos próximos anos e como o futebol cairia no gosto popular. E como foi a cobertura brasileira nessa primeira Copa? Será que já tínhamos os heróis e vilões dos jogos, o ufanismo em torno do time de futebol nacional?

Cariocas x paulistas: quem perde é o Brasil.

Criar heróis, vilões, criticar em demasia quando perde e exaltar com exageros quando vence não são características apenas da imprensa atual. Em 1930, durante a primeira Copa do mundo, os jornais do Brasil seguiram esse mesmo caminho para falar da maior paixão nacional. Mas além dos jogos do Brasil e do clima de Copa do Mundo que invadiu o país, outro assunto ganhou espaço nas manchetes, antes, durante e depois do evento. Foi a briga entre CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos), que teve como principal desdobramento a não ida dos atletas paulistas à competição. Vamos analisar dois jornais cariocas, que ficaram ao lado da CBD, o Jornal do Brasil e A Noite e os que defenderam os paulistas, Estado de São Paulo e Folha da Manhã. E também vamos analisar como foi a cobertura da imprensa no evento.
A cobertura do Mundial começou muito tempo antes da estreia do Brasil na competição. O jornal Folha da Manhã já trazia em sua edição do dia 8 de maio a preparação da seleção com ênfase à presença massiva dos jogadores paulistas. No dia 15 de maio, o jornal anunciou que os jogadores paulistas foram os primeiros a realizar exames médicos minuciosos para a Copa. A certeza que os paulistas eram realmente os melhores jogadores do Brasil e deveriam ser a base do time nacional foi aumentando com o tempo e criando expectativas em todo o público do Estado. Mesmo antes da convocação final, alguns jogadores paulistas como Bisoca, já eram dados como certos no Uruguai.
Por outro lado os cariocas não criticavam os paulistas e em nenhum momento demonstraram insatisfação com a presença deles. Sabiam que o time ficaria mais forte se o Brasil levasse para o Mundial o que tinha de melhor nos dois Estados. Detalhe que apenas uma vez a comissão técnica treinou atletas de outros Estados, foi no início de maio, em um treino entre cariocas e mineiros. A convocação final teria apenas jogadores de Rio e São Paulo.
Após um treino em São Paulo, o número de jogadores paulistas convocados foi maior, e os jornais da casa tiveram a certeza que até os cariocas tinham se rendido ao seu talento. O detalhe é que o Vasco não tinha liberado alguns de seus atletas para viajar à capital paulista e treinar. Fortes, Nilo, Paschoal, Moacyr e Itália foram os faltosos. A imprensa paulista bombardeou os cariocas achando um absurdo eles não comparecerem ao treino. A insatisfação dos paulistas com alguns atletas como Fausto, jogador do Vasco, que seria eleito o melhor meia da Copa e apelidado de “maravilha negra”, era evidente e com críticas pesadas. Fausto se defendia afirmando que os paulistas não lhe passavam a bola. Para o treino no Rio de Janeiro convocou-se 15 paulistas contra 12 cariocas. A imprensa paulista elogiou a CBD, afirmando que ela era imparcial e convocava realmente os melhores atletas do país que, por acaso, eram paulistas. Porém, o que aconteceu foi que 8 atletas de São Paulo não foram ao treino. Até os jornais paulistas criticaram, a Folha da Manhã foi contundente: “Porque não se pode conceber que estes elementos não se compenetrem da responsabilidade que lhes pesa sobre os ombros como os representantes de um país que se preza de ser um dos mais adiantados em matéria de futebol do continente sul-americano.” (VIDA ESPORTIVA, 1930, 28/05, p.8)
A APEA suspendeu os jogos para as equipes que cederiam jogadores a seleção, as equipes titulares e reservas já estavam praticamente certas, e apenas alguns comentários sobre o pouco tempo de preparação da seleção destoavam no meio da confiança sobre o bom desempenho do Brasil na Copa. Ia tudo bem até que a CBD não chamou entre os 15 de São Paulo convocados, o atleta Feitiço, para os dois últimos treinos no Rio de Janeiro. Começou então uma guerra para colocar os atletas preferidos dos paulistas na seleção. Enquanto os cariocas preferiam em algumas posições os atletas que jogavam em seus clubes. Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência.
A Folha da Manhã, que era o jornal oficial da APEA, estampou em suas manchetes que a Associação deveria intervir frente à CBD e exigir a convocação de Feitiço, e aproveitou para pedir a convocação de Ministrinho e Gogliardo que julgavam serem os melhores. Citou também que a Associação não tinha nenhum representante na comissão técnica da CBD e era dever da entidade colocar membros paulistas já que a maior quantia para a viagem tinha sido fornecida pela APEA. Analisou a convocação do carioca Luisinho como absurda e creditava a Cunha Bueno, dirigente do futebol carioca. A CBD passou a ser injusta na convocação. Os paulistas passaram a exigir um membro na comissão técnica com voz ativa nas decisões de convocações e escalação dos atletas. Os cariocas, que já tinham total controle dessa comissão, não aceitaram e começou um jogo de culpas entre os dois Estados sobre quem tinha mais razão, quem era mais patriota e quem tinha os melhores jogadores, o que só fez mal à Seleção Brasileira.
O estopim para a confusão aconteceu no dia 12 de junho. A CBD enviou um telegrama a APEA pedindo a convocação dos jogadores paulistas. A APEA alegou não ter recebido a tempo o telegrama, fato que foi desmentido pela CBD com o aval da empresa de telégrafos. A APEA dizia que não tinha condições dos atletas viajarem e se ausentarem de seus empregos de forma tão repentina, pois todos tinham afazeres para tratar e uma licença no serviço de um mês para a disputa do Mundial não se conseguiria do dia para a noite, além de não poderem deixar a família. A CBD ficou indignada com o não comparecimento dos atletas paulistas para o último ensaio antes do embarque. Em todos os jornais já se divulgava o time titular e reserva. A não ida se tornou um escândalo e uma afronta aos interesses da pátria no Rio de Janeiro e se tornou totalmente compreensível em São Paulo, tendo em vista os problemas com os atletas em deixar seus empregos.
Imediatamente a CBD exigiu a presença dos atletas, a APEA respondeu que só enviaria se tivesse as suas exigências cumpridas. Por alguns dias os jornais tentaram controlar o escândalo dizendo que os paulistas iriam. “E esperaremos, resignados as negociações que se fizerem, no bom ou no mau sentido” (SPORTS, 1930, 18/5 p.8) Poucos dias antes do embarque o assunto voltou à tona e as acusações subiram o tom. Os paulistas se indignaram com os cariocas por terem feito o treino da seleção com os jogadores cariocas no lugar dos paulistas e isso foi a gota d’água. A CBD enviou uma nova lista por telégrafo à FIFA com os novos inscritos e os jornais cariocas passaram a tentar animar seu leitor com estatísticas de que quando a seleção jogou somente com cariocas se saiu muito bem. O sul-americano de 1923 era o mais lembrado, afirmando que os cariocas já sabiam jogar no Uruguai e foi a melhor colocação dos brasileiros jogando fora de casa, segundo lugar.
Já os paulistas desdenhavam a seleção, noticiando as outras equipes do torneio. Culpavam os dirigentes cariocas e afirmavam que já tinham aguentado muita coisa calados durante muito tempo, mas as atitudes intempestivas da CBD não seriam toleradas dessa vez. Chamavam os cariocas de mesquinhos e autoritários e não se esqueciam de criticar Fausto a todo momento, sempre lembrando da não convocação de Bisoca. Segundo o Estado de São Paulo eram “protegidos da CBD que moram no Rio”(SPORTS, 1930, 15/6). A culpa era dos cariocas que já tinham substituído os atletas de São Paulo e consolavam os torcedores que não veriam seus ídolos no Uruguai. Afirmava que os jornais cariocas faziam um complô contra os paulistas e era uma execração pública da APEA. E “os paulistas não se submeterão aos caprichos da Capital Nacional.”(SPORTS, 1930, 15/6) Afirmava que o Brasil não estava só no Rio.O mesmo Estado de São Paulo rebateu as acusações do jornal a Noite que acusou os paulistas de não serem patriotas. “Não nos falem os cariocas em patriotismo e outros sentimentos nobres. Eles não tem autoridade nenhuma para fazê-lo, porque, em todos os seus atos, apenas procuram defender seus interesses particularíssimos, as suas vaidades e suas ambições.”(SPORTS, 1930, 15/6 p.8)
A Folha da manhã noticiou de forma irônica a informação do número de pessoas que a delegação brasileira levaria. Entre os roupeiros e cozinheiros, ironizavam que com o dinheiro de São Paulo levariam até os auxiliares de servente, sub serventes e serventes, além de cachorros e papagaios cariocas.
Qualquer noticia era motivo para cutucar o vizinho. Enquanto apenas os cariocas treinavam no Rio, os titulares venceram os reservas por 9 a 0. Todos os jornais paulistas indagaram o quanto era fraco o grupo do Brasil, enquanto os cariocas, apesar de saberem que era verdade, culpavam os paulistas por não reforçarem o time. O Jornal do Brasil alfineta, um dia depois, de forma cruel o time paulista, que já sabendo que não embarcaria para o Uruguai treinou entre eles. No placar, 6 a 2 para os reservas e o JB não perdoou: “Mas deus é justo e se encarregou de tapar a boca desses perdedores de boas ocasiões de ficar calados”.(DIÀRIO ESPORTIVO, 1930, 18/6) Após uma entrevista ao jornal A Noite (12/7), a bordo do Conte Verde, Jules Rimet falou que só tinha visto o futebol brasileiro uma única vez. Foi uma excursão do Paulistano, e afirmou que se os jogadores jogassem com o mesmo entusiasmo que o povo despediu deles no Brasil, seriam campeões. Os paulistas se deliciaram com as manchetes afirmando que somente o futebol de São Paulo era conhecido pelo presidente da FIFA. Enquanto os cariocas depositavam esperanças no time dizendo que o terceiro lugar seria a pior colocação do Brasil. Os paulistas afirmavam que o futebol carioca não sabia atuar em jogos internacionais, e que não tinha se preparado para o mundial. “tem o prazer de deixar margem para que, no futuro, justifiquem os possíveis fracassos”(SPORTS, 1930, 12/6)
Com todo esse clima, a Seleção embarcou no dia 2 de julho com uma festa maior do que as dos dias de hoje. Cada atleta que chegava para o embarque era saudado com gritos de hurras e de seu nome entoado em coro pela população que lotava o porto. Na noite anterior um grande jantar promovido pela CBD teve a presença de autoridades nacionais, que foram saudar os brasileiros e desejar boa sorte. Destaque para o horário que o jantar terminou: “terminando o ágape às 23 horas” (A NOITE 2/7) Na parada em Santos, Araken embarcou, o único atleta paulista no time. Porém Araken já estava em negociação com o Flamengo, ele tinha sido dispensado do Santos e só faltava a APEA passar os documentos para o Flamengo para ele se regularizar no rubro-negro carioca, daí vem o nome passe a qualquer transação de jogadores.
A primeira exploração da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo foi feita pela empresa Água Santa Cruz. A empresa inaugurou uma nova sede no Rio de Janeiro, levou todos os dirigentes e jornalistas para conhecer a fábrica e cedeu à delegação brasileira 30 caixas da Água Santa Cruz e gêneros de consumo casual: batata, feijão arroz, farinha e conservas para o Hotel Cólon onde a delegação brasileira ficou e para o navio. É claro que ela usou o slogan de “a água oficial dos jogadores brasileiros no Uruguai”.
A estreia brasileira foi amplamente divulgada nas duas capitais, mas o tom dos paulistas no outro dia mostravam o que os cariocas afirmavam: que os paulistas torceram contra. Os jornais anunciaram que transmitiriam a partida.
“ O Jornal do Brasil transmitirá a público, por meio de um alto-falante e em combinação com a UNITED PRESS e Companhia Radiotelephonica Brasileira a narrativa dos jogos em que tomará parte a delegação brasileira. Amanhã, portanto, transmitiremos em seus detalhes o jogo Brasil x Iugoslávia.” (DIÀRIO ESPORTIVO,1930, 13/7, p.10).

No outro dia o JB se desculpou dizendo que não tinha transmitido devido a dificuldades, mas mesmo assim sua redação ficou lotada. Uma multidão também ficou na porta da redação do A Noite, que divulgava os resultados e a partida lance a lance, como na internet hoje, de acordo com a chegada dos telegramas do Uruguai. O público vibrava com qualquer informação, “o Brasil entra em campo”, já era uma festa na rua. Detalhe que alguns jornais também fizeram a transmissão, mas com medo da reação da multidão, informavam os lances errados e de acordo com alguns locais de transmissão o Brasil venceu por 3 a 1 o jogo. O que fez algumas pessoas saírem da porta do A Noite vaiando o jornal e dizendo insultos de não amor à pátria. O fato é que no outro dia, todos receberam noticia igual e correta: o Brasil era derrotado por 2 a 1 na sua estreia. Não faltaram vilões, os mais atacados foram Fernando e o técnico, não é de hoje que o cargo é criticado. O frio também era um dos culpados, juntamente com os fujões que deveriam estar lá defendendo a pátria e não foram, os paulistas, segundo o jornal A Noite. Fausto foi o melhor jogador do Brasil no jogo, segundo os jornais cariocas, já os paulistas não falaram nada de seu desafeto, apenas que o julgamento de quem estava certo em toda a polêmica, se era a APEA ou a CBD, foi feita dentro de campo e como disse Rimet, o Brasil não estava completo, fazendo alusão ao único time que o presidente da FIFA conhecia, o Paulistano (ESTADO 15/7). E finaliza afirmando que já estava escrito que se o Brasil perdesse a culpa seria deles, os paulistas. O Jornal do Brasil e A Noite divulgaram um protesto e um abaixo-assinado do Diário nacional “contra a atitude impatriótica e perniciosa dos paredros apeanos, que, vaidosas e egoístas negaram seu valioso auxílio dos jogadores paulistas à Confederação Brasileira de Desportos” ( OS SPORTS, 1930, 16/7) e além disso, pedia o embarque imediato dos paulistas para o segundo jogo contra a Bolívia. Chegou-se a falar que o Brasil voltaria antes do segundo jogo, já que esse não valeria de nada, já que a Iugoslávia, vencendo a Bolívia já estaria classificada. Essa idéia de abandono, é claro, não aconteceu.
Nos outros dias, mais resignados com a derrota e já vendendo o próximo jogo, esqueceram-se os problemas e a vitória por 4 a 0 frente a Bolívia, encheu de orgulho os cariocas e fez os paulistas defenderem os jogadores e acusarem somente os dirigentes. Os cariocas afirmavam que a derrota na estreia tinha sido um lapso no grande time e os paulistas jogavam para os dirigentes a culpa.
O jornal A noite inaugurou as entrevistas bombásticas depois de eliminações em copa. E mais uma vez Fausto foi o centro das atenções. Depois da derrota por 2 a 1 criticou duramente seus amigos de time. Segundo o “maravilha negra” o time foi medroso. Poly fugia da própria sombra, Araken, o bailarino, era o responsável pela derrota depois de perder um gol feito quando o jogo estava 0 a 0. Nilo e Theophilo também morriam de medo dos adversários. Para Fausto, o goleiro iugoslavo era um demônio, mas os zagueiros só tinham tamanho e assustaram os brasileiros. Um dos únicos poupados foi Preguinho. (OS SPORTS,1930, 18/7) Detalhe que depois da entrevista o Brasil ainda jogaria mais um vez na competição.
Os jornais reproduziam as outras reportagens na íntegra de outros jornais sempre dando o crédito. Os relatos do dia eram passados na ordem que aconteciam, então chegava uma notícia no jornal e eles colocavam, mas logo depois chegava a mudança na informação , e as duas saiam no jornal, e era preciso que o leitor lesse até o final para ter a informação completa. Fotos dos atletas eram colocadas em destaque. Alguns jornais informavam uma coisa em um dia e corrigiam no outro, caso do A Noite que colocou que a França tinha vencido o México por 2 a 1 no jogo de estreia da Copa e depois corrigiu: 4 a 1 França. As expressões eram todas inglesas, shoot, pass, toss, foul. Por uma decisão do comitê executivo da Copa a imprensa não era cobrada pelo envio de telegramas, o que rendeu agradecimento dos jornais.
Depois da eliminação do Brasil, as notícias caíram consideravelmente, apenas as semifinais e a final da Copa tiveram destaque, com uma foto dos tricampeões do mundo, os uruguaios, em todos os jornais brasileiros após a conquista. Mas mesmo com a conquista do Uruguai o Brasil ainda afirmava ser o melhor do mundo. Essa passagem do A Noite mostrava que as feridas da briga entre paulistas e cariocas demorariam a cicatrizar:
“Por que venceram elles?Melhores de todos? Sim..;Tecnicamente?Talvez não! E por que se fizeram campeões então? Eis o motivo: o Campeonato devemos os uruguaios devemos à maneira como reuniram os seus melhores elementos, sem quebra do entendimento, da harmonia, de tudo isto que, paulisticamente, nos faltou”(OS SPORTS,1930, 31/7).

Essa afirmação além de criticar os paulistas, já anuncia como seria o papel da imprensa após as derrotas brasileiras em Copas: sempre algum culpado e o Brasil continua sendo melhor, e se jogasse como Brasil venceria a Copa. Um fato que ajudou a reforçar essa superioridade brasileira foi o amistoso contra a Iugoslávia no dia 10 de agosto, com a vitória brasileira, praticamente com o mesmo time, por 4 a 1.

Considerações finais

A Copa do Mundo de 1930 pode ser considerada um sucesso. Naquela época se atrever a fazer qualquer coisas que não fosse na Europa podia ser sinal de fracasso. Mas Rimet conseguiu o que queria, mostrou que a FIFA estava aberta para os outros continentes e países e demonstrou aos europeus que havia mundo e futebol longe do velho continente. Mesmo com poucos participantes e uma fórmula complicada, a emoção e rivalidade estiveram presentes e começaram a escrever a história desse evento. Depois disso a Copa ganhou a participação de outros continentes, cresceu em números de participantes, economicamente, midiaticamente, em investimentos e hoje rende bilhões de dólares à entidade que controla o futebol no mundo.
Tudo aquilo que existia de modernidade para fazer a cobertura de um evento esportivo foi usado no Uruguai. A imprensa brasileira usou os jornais, os telegramas e telégrafos para mobilizar o país. E dessa forma, a Copa teve emoção e as pessoas na rua torcendo para o Brasil, classificando os jogadores como heróis que defenderiam a pátria no exterior. Inaugurou-se uma forma de cobrir esse evento com o nacionalismo exacerbado, que perdura até os dias de hoje. E também nessa Copa mostrou o quanto os jornais sempre davam mais valor e mais razão para a sua localidade, inaugurando um bairrismo que sempre foi prejudicial ao jornalismo brasileiro.
A briga entre paulistas e cariocas já demonstravam e iniciava uma guerra fria entre estes dois grandes centros que ainda dura até hoje. Quem reflete mais o brasileiro, o paulista ou o carioca? Os paulistas, naquele tempo, com a arrancada econômica assombrosa, tinham muito dinheiro e queriam exercer além da influência financeira, a política. Além disso, São Paulo vivia um momento de enaltecimento do estado muito grande, destacando os movimentos de tentaivas de emancipação como otenentismo e a revolução que viria meses depois da copa. Já o Rio era a capital do país e todas as grandes decisões eram tomadas lá. Como o futebol estava incorporado a nossa sociedade, essa bipolaridade nacional entrou também no esporte e não tivemos os melhores jogadores do país na época. Entre eles Friedeireich, o primeiro ídolo do futebol brasileiro e Feitiço, grande artilheiro. O Brasil poderia ter vencido a Copa com os paulistas? É uma pergunta difícil, pois desde aquela época o futebol é uma caixinha de surpresa, mas que as chances aumentariam, isso é claro. Serviu para mostrar que com essa eterna discussão entre os paulistas e cariocas, se esquece do resto do país e quem perde no final é sempre o Brasil.



REFERÊNCIAS

GIULIANOTTI, Richard. Sociologia do Futebol – dimensões históricas e socioculturais do esporte das multidões. São Paulo: Nova Alexandria, 2010.

MURRAY, Bill. Uma história do futebol. São Paulo: Hedra, 2000.

Os sports. A noite, Rio de Janeiro, p.8-10, 1jun-30jul 1930.

Vida esportiva. Folha da Manhã, p.8, 1mai-30jul 1930.

Sports. Estado de São Paulo, p.7-9, 1jun-30jul 1930.

Diario Esportivo. Jornal do Brasil, p.7-10, 1mai-15ago 1930.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Assessoria de Imprensa de clubes x Jornalismo Esportivo: o reflexo das assessorias na cobertura esportiva

Assessoria de Imprensa de clubes x Jornalismo Esportivo: o reflexo das assessorias
na cobertura esportiva


RESUMO
O jornalismo esportivo sempre teve uma liberdade de criação maior do que as outras
editorias. Com a globalização, o esporte se tornou um negócio que gera bilhões de
dólares ao ano. Essa entrada de dinheiro, patrocinadores e transformação de atletas em mitos e garotos-propaganda criou novos conceitos no esporte. Com a chegada das
assessorias de imprensa nos clubes e logo depois nos atletas, o jornalismo esportivo teve que recriar uma forma de fazer jornalismo, depois do engessamento e adronização das informações pelos assessores. Essa nova forma diminuiu a reflexão dos fatos e aumentou o humor dentro dos programas esportivos.

PALAVRAS-CHAVE: esporte; jornalismo esportivo; assessoria de imprensa;
entretenimento.

Introdução

O futebol se transformou em um grande negócio no mundo e por movimentar bilhões de dólares por ano está sujeito aos interesses de quem o patrocina. Os atletas passaram a ser grandes garotos-propaganda e servir de modelos para jovens e para a sociedade. Dessa forma, tudo que um grande jogador fala está diretamente ligado ao seu patrocinador e reflete no público que o idolatra.
Com o aumento do poder da mídia, tudo passou a ser controlado por assessores para não “sujar” a imagem da empresa, do clube e do atleta ou colocar notícias que vão enaltecer e valorizar seu assessorado. Esse controle das informações deixou o jornalista esportivo refém das assessorias, de suas coletivas, do pouco tempo deixado para imagens, do tempo escasso para assistir a um treino, a blindagem, instrução e ensaio dos atletas para não se envolverem em polêmicas.
Sendo assim, o jornalismo esportivo que já possuía uma liberdade maior para criar do que as outras editorias começou a direcionar suas matérias para o lado do entretenimento. Novos quadros que mais se parecem com programas de variedades ou humorísticos passaram a rechear os telejornais, deixando a editoria com uma pitada de humor maior do que a investigação e apuração jornalística.

O esporte como negócio

O esporte sempre esteve presente na vida do homem e acompanhou a evolução dos tempos, sendo usado em várias oportunidades pelo Estado e pela política para difundir ideias. Seja na Grécia e na Roma Antiga, ou na Alemanha nazista, o esporte sofreu influência da situação que o mundo se encontrava. O futebol, sendo o esporte mais popular do mundo, foi alvo de exploração de quem detinha o poder na época e queria através dele representar e difundir dogmas. Sua criação e implementação nas fábricas inglesas para disciplinar os funcionários e difundir os nomes das indústrias é um dos vários exemplos que ao longo do tempo marcam o futebol como grande metáfora do mundo moderno.
Com o fim da guerra fria, o mundo passou a ser dominado pela economia. Com essa mudança, o capitalismo se consolidou e a globalização veio para quebrar fronteiras culturais e econômicas. Em um mundo globalizado e sem fronteiras, o futebol também seguiu esse caminho e pôs fim à lei do passe dos jogadores, facilitando suas transferências e fazendo que qualquer clube estrangeiro com poderio econômico elevado, se tornasse uma verdadeira “torre de babel”. Sem contar os naturalizados por outros países, que reforçam a ideia de aldeia global.
Toda essa transformação do mundo aumentou, de forma considerável, o poder da mídia. À medida que a “porta-voz do sistema capitalista” cresceu, todos os seus ramos cresceram da mesma forma, além da criação de outros ramos que vieram deixar essa árvore ainda mais complexa e poderosa. Os sites especializados, a informação em tempo real e recentemente as mídias sociais vieram para consolidar a era da informação.

“A modernização da sociedade trouxe ao ser humano a necessidade de obter cada vez mais informação, o que, em larga escala, levou ao desenvolvimento dos meios de comunicação de massa. Essa situação, por sua vez, fez com que indivíduos e organizações passassem a vislumbrar no noticiário transmitido por jornais, revistas, emissoras de rádio, de televisão e na rede mundial de computadores a sua grande possibilidade de divulgar fatos e opiniões para a sociedade. Para intermediar e aprimorar esse processo, surgiu a Assessoria de Imprensa que, apesar de o nome sugerir, não está a serviço da imprensa mas faz o contato a partir da empresa e se relaciona permanentemente com ela.” (CHINEM, 2003)

A assessoria sempre foi exclusiva de altos cargos nacionais como presidente da república e governadores. Mas com o crescimento da mídia e o entendimento de que qualquer coisa falada sobre uma empresa ou pessoa importante pode ser ruim ou boa para os negócios, o assessor de imprensa tanto das empresas quanto das pessoas passou a ser um braço forte dentro de uma corporação. Estratégias de comunicação passaram a ser criadas, planos de emergência e comunicação interna dentro das empresas, tudo isso reforçando o poder da comunicação dentro dos negócios.
“A partir do fim dos anos 1970, empresas, entidades oficiais e particulares, banqueiros e empresários descobriram que, devido ao mundo cada vez mais complexo, o assessor de imprensa era figura importante necessária. Desde então, a atividade vem se profissionalizando e ganhando outra dimensão de trabalho.” (CHINEM, 2003)

O futebol não ficou de fora dessas mudanças. O esporte se tornou negócio e o futebol também, movimentando, de acordo com dados de 2005, 250 bilhões de dólares por ano.(HILÁRIO,2007). Um negócio de grande valor que passou a ser mais explorado pelos meios de comunicação de massa. Esse casamento mídia e esporte trouxe alguns fatores que feriram a máxima do Barão Pierre de Coubertin: o importante é competir. Gol, momento máximo do futebol, que também foi alterado pelos negócios quando se proíbe o jogador de tirar a camisa ou simplesmente colocá-la sobre a cabeça escondendo o patrocinador, infração grave que deve ser punida com cartão amarelo, tirando totalmente a espontaneidade na comemoração do momento mais bonito do esporte em favor dos negócios.
“A mídia necessita – para seus objetivos comerciais, editoriais e de programações – da audiência de campeonatos fortes como espetáculo e de atletas carismáticos como seus personagens reais, os mitos, para alimentarem a avidez de consumo do esporte pela população, em qualquer classe social e em qualquer tempo.” (FARDO, 2005, p. 1)

A mídia, cada vez mais, influencia o espetáculo esportivo. Antes, um torcedor precisava ir até à banca de jornal ou ir ao estádio para saber o resultado do jogo. Com o rádio, depois a televisão e hoje a internet, ele não precisa sair de casa para acompanhar seu esporte preferido. A televisão procura o tempo todo espetacularizar suas imagens para vendê-las e não é diferente com o esporte. Dessa forma o esporte passou a ser uma mercadoria e se tornou um show de entretenimento. O aumento da cobertura da mídia no esporte também trouxe mais dinheiro para as competições. João Havelange ao assumir a FIFA em 1973 afirmou: “Vim para vender um produto chamado futebol” e vendeu. Os Jogos Olímpicos tiveram mais visibilidade e repercussão com a cobertura televisiva em Los Angeles 1984. Com a indústria do esporte consolidada e forte, a mídia passou a controlar as competições esportivas influenciando até nas regras e regulamento de competições. Grandes exemplos são o basquete, vôlei e futebol.

“...o Presidente do Comitê Olímpico Internacional COI, Marques Juan Antônio Samaranch ressaltou que os esportes que não se adaptarem à televisão estarão fadados ao desaparecimento. Da mesma forma, as televisões que não souberem buscar acesso aos programas esportivos jamais conseguirão sucesso financeiro e de público.” (NUZMANN, 1996:15)

Com isso, associar sua marca a um atleta ou a um clube se tornou lucrativo e vantajoso. Nessa era em que a informação é importantíssima e que o futebol movimenta bilhões de dólares passamos a ter uma união perversa entre os interesses econômicos e o que a mídia passou a divulgar. Se nas décadas de 60, 70 e início dos anos 80 o jogador não tinha seu próprio patrocinador, jogava a carreira inteira em um clube e se identificava com ele, e era entrevistado em qualquer local do clube ou do vestiário, não podemos constatar o mesmo fato na realidade esportiva de hoje. Este fato é o objetivo maior deste artigo. Um simples atleta que acabou de ser lançado aos profissionais e tem futuro promissor já tem seu assessor de imprensa, seu empresário, o assessor do clube, seu próprio patrocinador e o clube, todos cuidando de seus interesses e não deixando nada sujar a sua imagem que está sendo construída nos meios de comunicação. O patrocinador não quer ver seu garoto-propaganda sendo manchete de escândalos e páginas policias, mais do que sujar a imagem do atleta, fere os negócios da empresa que o patrocina.
E essa grande mídia vende a ideia do sucesso a qualquer custo, de que somente o vencedor tem a glória e a fama, criando mitos e atletas que vão servir de exemplos e serão ídolos de gerações. Dessa forma, os jogadores passaram a ser treinados pelas assessorias para falarem e darem as entrevistas que cada vez mais são difíceis de acontecer sem ser de forma coletiva. Um meio de comunicação de pequeno porte raramente consegue uma exclusiva com os grandes atletas e se contentam em fazer uma pergunta para o grande ídolo quando ele é escolhido para comparecer à sala de imprensa dos clubes.
Essa blindagem dos ídolos pode ser explicada, como os assessores gostam, pelo grande número de jornalistas e veículos que cobrem os grandes clubes do Brasil hoje em dia. Se um atleta ficasse o dia todo para responder a todos os jornalistas não teria tempo para treino. Bem diferente do que era no passado. Antigamente os jornalistas tinham livre acesso aos clubes, aos vestiários e entrevistavam quem eles queriam entrevistar e, principalmente, perguntavam o que se deve perguntar sem medo de represálias. O argumento das assessorias não é entendido pelos jornalistas que vêem seu direito de buscar informações dentro do clube cerceado e aí começam a aparecer os privilégios e tratamentos diferenciados a emissoras que conseguem informações que outras não conseguem. Algumas empresas de comunicação pagam a mais para ter posições privilegiadas dentro dos clubes.
Outro ponto é a mudança dos meios de comunicação de hoje. Se antes tínhamos os jornais com um caráter mais crítico e seus proprietários eram grandes homens de imprensa, hoje temos grandes corporações que compram esses veículos, que são sustentados pelos patrocinadores e anunciantes, ficando reféns de seus interesses e de suas reivindicações.
A transformação do futebol em negócio e a importância da mídia podem ser constatadas nas salas de imprensa. Se um clube tem uma boa sala de imprensa sua estrutura já passa a ser elogiada, sendo que lá não é local de treino dos atletas, mas é o local onde eles vão falar com a imprensa. Sendo um péssimo local e sem acomodações necessárias já não será bem visto pelos meios de comunicação. As marcas que patrocinam o clube ficam no fundo enquanto os atletas falam. Com o tempo algumas emissoras começaram a fazer uma imagem mais fechada, quase um close para não mostrar os patrocinadores. A resposta das assessorias e dos departamentos de marketing foi colocar os patrocinadores na haste que segura o microfone, começando um jogo de gato e rato onde os assessores vão tentar mostrar os anunciantes e as empresas de comunicação escondê-los. Se o jogador não estiver no local de entrevistas, não pode falar de maneira alguma, sendo multado se o fizer, inclusive se a entrevista for para o rádio.
Antigamente o jornalista chegava para trabalhar no clube, acompanhava todo o treino, tinha acesso a todos os jogadores e nos dias de jogos entrava nos vestiários muitas vezes interrompendo até o banho dos jogadores. São várias as cenas de antigos videotapes que os jornalistas invadiam o campo ou seguiam atrás do jogador que fazia o gol para obter uma declaração.
É claro que o papel das assessorias tornou mais organizada a participação da imprensa no futebol, mas trouxe vários efeitos colaterais. A informação dita pelo assessor é a versão do clube que não pode ser tido como a única. Enquanto o jornalismo trata de assuntos de interesse público, a assessoria vai tratar de assuntos de interesse do assessorado. E essa guerra mudou o modo de se fazer jornalismo esportivo.

O jornalismo entretenimento

O jornalismo esportivo não ficou de fora das mudanças na mídia. Passou a sofrer com o enxugamento da redação, com as pressões dos patrocinadores do veículo, o salário cada vez mais defasado e o acúmulo de funções. E, no mundo de competição, os jornais também disputam quem vai conseguir a informação em primeira mão, uma entrevista exclusiva com o craque. A pressão da redação e do chefe para como se diz: “matar um leão por dia” existe, mas como matar esse leão se os jogadores falam as mesmas coisas, treinados pelos assessores, e todos os veículos tem a mesma informação, já que a coletiva foi igual para todos e as imagens do treino também?
Sendo assim, o jornalista setorista fica cada vez mais refém da sua amizade com os atletas, dirigentes, empresários para conseguir informações que vão resultar em boas matérias ou furos jornalísticos. O que de um lado o deixa próximo do atleta, também o deixa refém, em muitos casos, de troca de favores e matérias plantadas. Infelizmente alguns jornalistas se rendem a essa “uma mão lava a outra” e aceitam falar de possíveis contratações com o fim de aumentar o salário do atleta ou ainda, esconder situações para num momento à frente receber algum furo ou ter uma exclusiva. E o que é pior: ao criticar o atleta corre o risco de não ter mais as informações que necessita para trabalhar, pois não são poucos os jogadores, empresários e até assessores de imprensa que retaliam jornalistas que segundo eles “falaram mal de seus atletas”. À medida que a amizade do jornalista aumenta com o jogador ele corre o risco de seu senso crítico sobre o atleta diminuir. Essas relações baseadas na amizade dentro do jornalismo não são exclusivas no esporte, na política também constatamos essas relações.
Já que as notícias foram as mesmas para todos, o vestiário está fechado e a assessoria mais atua como um zagueiro tentando evitar que o jornalista não faça o que será ruim para seu assessorado, ele não pode exercer sua investigação para sua pauta. Surgiram, então, as matérias entretenimento, onde a forma começa a valer mais que o conteúdo, e a notícia realmente não aparece e sim fatos superficiais que nada tem a ver com o esporte e sim com o entretenimento. O que faz um atleta nas horas de folga? O que ele come? Que roupa usa? Qual seu corte de cabelo? Transformam os atletas em celebridades e a matéria com uma pitada se sobrepõe à reflexão.
Vamos analisar o caso do quadro Inacreditável Futebol Clube. É um quadro totalmente de entretenimento dentro de um programa que deveria ser jornalístico. O engessamento das informações divulgadas por assessorias estavam tornando as reportagens repetitivas. E o esporte, diferente de todas as outras editorias, que sempre teve uma linha editorial mais livre dentro de uma redação desde a época de Nélson Rodrigues e Mário Filho, passou a mudar seu jeito de fazer jornalismo.
Inspirados no sucesso do modo diferente e brincalhão de Thiago Leifert apresentar e fazer o Globo Esporte de São Paulo, e de Tadeu Schimdt mostrar os gols da rodada com “outro olhar” dentro do Fantástico, a Rede Globo inaugurou o quadro. Ele consiste em mostrar lances de gols perdidos por todo o Brasil. O quadro ganhou uma vinheta narrada pelo locutor Léo Batista e virou um bordão falado por todos os amantes do futebol pelo país. O quadro fez tanto sucesso que o autor do lance improvável agora ganha uma camisa do time e recebe a coroa do “rei” da atração. A entrega é regada a muito humor e o próprio atleta incorpora seu erro, já vendo, possivelmente, alertado pelo seu assessor que até uma exposição deste tipo se torna válida se ele levar, digamos, na “esportiva”. Foi o caso do atacante Otacílio Neto que ao receber a primeira vez se recusou e foi irônico com o repórter, indagando se ele pagaria seu salário na equipe do Inacreditável Futebol Clube e não vestiu a camisa. Alguns dias depois chamou a equipe de reportagem e vestiu a camisa.
O quadro vai ganhando novos participantes a cada final de semana e a emissora, já percebendo o potencial publicitário do quadro, colocou a votação de quem será o novo rei em seu site na internet. Até um lance ruim, mal feito e perdido, agora pode virar exposição para o atleta. O que pode demonstrar isso é outro quadro de também grande sucesso da mesma emissora, o “Bola Cheia e Bola Murcha”. Também carregado de humor, o quadro recebe milhares de vídeo por mês de pessoas comuns que querem aparecer na parte esportiva de um dos principais programas da emissora.
Inspirados nesse sucesso do humor do apresentador do Globo Esporte São Paulo, Thiago Leifert, o programa fez no dia 1° de abril uma especial em “homenagem” ao dia da mentira. O início do programa resgatou o formato do apresentador de terno sentado em uma bancada, apresentando o telejornal “à moda antiga”. Detalhe que foi o próprio jornalismo esportivo um dos pioneiros de uma apresentação de telejornal mais solta e mais informal. O apresentador frisa que o programa era de 1° de abril e já começa com manchetes de duplo sentido com um tom totalmente humorístico. A primeira matéria é de um esporte que mistura a canoagem com pólo aquático o chamado São Polo. O repórter usa a ironia para mostrar este esporte pouco conhecido e o tom formal é claro na reportagem. Na segunda reportagem o próprio apresentador não aguenta e cai na gargalhada ao anunciar uma reportagem sobre o Corinthians, mas não o paulista e sim o de Alagoas. A terceira matéria é do mesmo tipo, mostrando as notícias do Palmeira do Rio Grande do Norte, ao invés do Palmeiras de São Paulo.
O segundo bloco começa com uma série de situações de mentira e simulações no futebol, algumas famosas como a do goleiro Rojas no Maracanã, Rivaldo fingindo levar uma bolada no rosto na estreia do Brasil na Copa de 2002 e a “mão de deus” de Maradona na Copa de 1986 contra a Inglaterra. Todas elas anunciadas mais uma vez como especial do dia da mentira do programa. O segundo VT do segundo bloco, finalmente, fala de algo factual e jornalístico, são os gols dos jogos da Copa do Brasil do dia anterior. Mas no jogo Guarani e Novo Horizonte do Ceará, o humor na locução foi mais evidente e com um lance, do já comentado “Inacreditável Futebol Clube”. Logo após, uma nova matéria de um outro Corinthians, dessa vez do Paraná e o apresentador não consegue sustentar o tom sério e acaba mesmo sentado na bancada, de terno, fazendo brincadeiras com a equipe técnica.
O terceiro bloco é aberto com o resultado da enquete sobre o treinador do Juventus de São Paulo; o apresentador ironiza dizendo que a enquete contabilizava até aquele momento 150 votos. Thiago chama o repórter para falar do grande clássico da rodada, que seria Palmeiras e Santos, mas surpreende afirmando que o jogo mais esperado é São Caetano e São Bernardo e o repórter de terno e tom irônico, afirma que o jogo é o primeiro entre os dois clubes. Ao chamar os gols da rodada, Leifert mostra gols de uma pelada masculina e feminina sempre em o tom humorístico. E no final, a despedida do programa é feita com imagens de títulos do Corinthians, a vinheta de campeão e com o apresentador parabenizando o clube pelo aniversário de título da Taça Libertadores da América, o que o clube nunca conquistou e provocou reações dos rivais e dos corinthianos em toda internet.
Seguindo a mesma linha a Globo Minas usa de matérias carregadas de humor para preencher sua programação local. Como vimos anteriormente, as informações são as mesmas para todos e alguns treinadores ainda fecham o treino para imprensa. Sem imagens do treino o repórter tem apenas a coletiva de imprensa e as imagens de um rachão ou de uma breve corrida em torno do gramado para fazer seu trabalho. Como grande parte do jornal é dedicada aos principais clubes do Estado: Cruzeiro e Atlético-MG, o que fazer para encher o jornal com matérias?
A solução escolhida é a do entretenimento. Começa a se fazer matérias na casa do jogador, mostrando seu guarda-roupas, o que ele veste no dia a dia, qual seu estilo musical favorito. Isso realmente interessa ao telespectador? Pode até interessar a algumas pessoas, mas isso não é função do jornalismo esportivo. Os jornais e a internet em alguns casos não ficam longe dessa linha cômica no esporte com manchetes que usam o humor e às vezes o grotesco para chamar a atenção do público. Mas o que o jornalista deve fazer se ele tem tempo para entregar a matéria, precisa de fazê-la e não consegue as informações e acesso ao clube facilmente como há tempos atrás?

Considerações Finais

O jornalismo vai se adaptando ao mundo moderno e sempre se renova. As condições de trabalho, infelizmente, ainda não são as melhores e a remuneração em vários casos deixa muito a desejar. A pressão das chefias de redação para o que deve e o que não deve ser divulgado entra em conflito com os interesses do jornal e com a ética do profissional. As assessorias fecham as portas para a imprensa quando um grande escândalo acontece, mas quer o apoio dos jornais quando seu assessorado está bem e ao mesmo tempo o jornalista precisa desse assessor pois o jogador cada vez mais é menos acessível.
A falta de informações ou não poder dá-las e a obrigação de fechar um jornal levou o Jornalismo Esportivo a explorar mais o lado do entretenimento do que de reflexão. Os programas e matérias com a veia mais cômica são válidos e devem existir, mas não somente eles, o que é o caminho que se desenha no Jornalismo Esportivo. A crítica precisa existir, a informação precisa ser dada e não podemos encarar tudo como piada.
O que observamos é que o humor passou a ser obrigatório nos programas de televisão esportivos, muitas vezes deixando de lado a informação que o telespectador quer saber. Qualquer tipo de matéria possui um lado cômico, na busca pelo diferencial do meio de comunicação. Surgem quadros mais para entreter do que para mostrar fundo o que acontece nos bastidores de um clube. Passamos a assistir gols inacreditavelmente perdidos que tornam os autores das façanhas celebridades, bolas cheias ou bolas murchas por todo o Brasil e não sabemos o que acontece nos bastidores da CBF na organização da Copa.

REFERÊNCIAS


CHÍNEM,Rivaldo.Assessoria de Imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003.

FARDO, José Antônio. A comunicação via esporte: uma reflexão crítica sobre mídia e poder. Pluricom. Com .br , 2005

HELAL, Ronaldo. Mídia, ídolos e heróis do futebol. Rio de Janeiro: UERJ, 2001

HILÁRIO, Franco Júnior. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

KENSKI, Vani Moreira. O impacto da mídia e das novas tecnologias de comunicação na Educação Física. Motriz, v-1, n°2, p.129-36,1995

MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio; CAMARGO, Vera Regina Toledo, organização. Comunicação e esporte – tendências. Santa Maria: Palotti, 2005.

NUZMANN, Carlos Artur. A importância do marketing esportivo no esporte. Seminário INDESP de Marketing Esportivo. Ouro Preto: INDESP, 1996.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mourinho: estratégia e futebol bonito

Ele é arrogante, prepotente, mas obviamente tem seus méritos e muitas qualidades. José Mourinho é com certeza o grande treinador dessa geração e hoje o melhor do mundo. Mas seus maiores defeitos são a de não admitir derrotas e jogar a culpa sempre em terceiros. Além disso, não concordo com a sua concepção de futebol, acho primeiro deve-se tentar jogar bonito e para frente, fazendo isso a chance de vitória aumenta muito. Quando se tem um time ruim até se entende um técnico jogar fechado e atrás, mas quando se tem um elenco como o Real é covardia. O futebol não é estratégia é talento, sempre foi e sempre será. Seus times sempre jogam feio com a máxima de que o importante é o resultado, respeito quem pensa assim, mas isso é futebol feio e que ninguém vai se lembrar. Mourinho sempre estará na história como o estrategista e ganhava sem brilho. Ele perdeu a classificação para a Final da Liga dos Campeões, o Barcelona não venceu foi Mourinho quem perdeu. Primeiro criou um clima desnecessários para o confronto, falando demais e assuntos que nada tem a ver com a grandeza e o talento dos dois times. Irritou até o boa praça Guardiola. Sabia que o time do Barça era superior e que jogando de igual para igual nunca venceria o confronto, o que discordo, o Real tem bons jogadores e poderia fazer um jogão se jogasse para cima do time catalão. Não o fez, recuou o time, fez retranca como fazia na Inter de Milão e quis ganhar no grito e na estratégia fora de campo. Deixou o jogo que tinha tudo para ser bom, chato, truncado, tenso e nervoso. Desse nervosismo saiu a expulsão de Pepe, que deveria ser expulso do esporte e tem o aval de Mourinho para bater em quem bem entender. Não é possível que um cara como Mourinho, ache Benzema pior do que Adebayor, o Obina europeu. Não colocou Kaká em campo e vai preferir colocar a culpa na arbitragem que historicamente sempre ajudou o time de Madrid desde a época do General Franco. Venceu o futebol de qualidade, quem quis jogar bola, venceu o toque bonito, venceu a arrancada fantástica de quem realmente joga futebol e não se exibe para as câmeras. Para o bem desse esporte o Barcelona venceu e Messi brilhou, Mourinho perdeu e Pepe foi expulso. Resta ao treinador português ter a hombridade de assumir que errou e perdeu a vaga pelas suas atitudes e não escolher um Judas para ser o culpado. Salve o futebol bonito.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Roteiro da vida

A vida é mesmo traiçoeira...
Coloca obstáculos, te prega peças e te derruba
quando você acha que está sólido e firme como uma rocha
Já tive vários momentos ruins e bons
E sempre devemos nos focar nos bons pois a vida é feita deles...
Os ruins são poucos mas marcam porque revertem nossa expectativa
Quando achamos que tudo está numa boa
As coisas ruins acontecem e mudam o roteiro do filme da nossa vida.
Com todo mundo acontece isso
As vezes planejamos tudo, todos os detalhes, está tudo no caminho certo
Do jeito que queríamos mas a vida real não é assim
Não podemos planejar, crer nas pessoas, acreditar que tudo será para sempre
Porque a vida muda os planos rapidamente e nos vemos sem chão,
Sem saber para onde ir, sem saber que roteiro seguir
Pois aquele estava tão bonito tão perfeito tão do nosso gosto que nos esquecemos
Que a vida não é assim, ela dá golpes quando menos se espera...
Nessas horas nos resta mais uma vez se refazer,
e com a experiência adquirida nos roteiros que deram errados
Tentar construir mais um que alguma hora dará errado,
ou então nós não gostaremos dos personagens
E vamos querer mudar...
Triste são as pessoas que querem o mesmo roteiro sempre, não o mudam
Acham que seu planejamento é o correto e que não aceitam o roteiro de outras pessoas
Triste de quem tem que refazer sempre seu roteiro quando acha
que o melhor já feito na sua vida foi por água a baixo...
Mas não seria esse o maior desafio da vida:
lutar contra ela e querer sempre refazer e fugir do roteiro que nos aparece?
Continuarei refazendo o meu,
mais triste a cada pancada e ao mesmo tempo com mais esperança
de que o próximo dará certo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

À ESPERA DA ALEGORIA FINAL

Mesmo sem grande brilho, O Flamengo estreiou com vitória no Campeonato Carioca 2011. O placar de 2 a 0 no Volta Redonda deixa o Flamengo na liderança do grupo A da Taça Guanabara. O pouco público presente no Engenhão viu os gols de Padovani, contra e Vanderlei. Na próxima rodada, no sábado, o Flamengo enfrenta o América, às 17 horas, no Edson Passos.
Ficou claro que o Flamengo ainda não está preparado para entrar na avenida. Se o clube fosse uma escola de samba ainda faltariam alguns detalhes para ela encarar o grande dia. Sem seus grandes destaques, Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, faltou conjunto e uma harmonia maior para o time na estréia. Os dois craques foram ao vestiário, participaram da prelação e assistiram ao jogo já acompanhando e evolução dos seus companheiros. A prova de que parecia um ensaio foi o comandante Luxemburgo que mudou seu tradicional figurino de terno para a camisa da comissão técnica do Fla.
Mesmo com a falta de entrosamento o rubro-negro começou tomando iniciativa do jogo e logo a 1 minuto após cruzamento de Renato, Deivid cabeceou com perigo. As equipes se revezavam nos erros de passe no meio campo. Aos 9 minutos, Renato levantou a torcida ao mandar uma bomba de fora da área, mas o goleiro do Volta Redonda, Mauro, bem posicionado defendeu sem sustos. Quem tentava articular as jogadas da equipe da “cidade do aço” eram os já conhecidos de outros carnavais pela torcida rubro-negra: Jean e Lopes. Aos 20, Lopes, o tigrão, acertou um chute forte de fora da área e obrigou o goleiro Felipe a fazer boa defesa, no rebote Jean ficou sem ângulo e não conseguiu finalizar. Depois desse lance, tivemos a parada técnica que este ano será feita em todos os jogos, inclusive os com transmissão em TV aberta.
O Fla voltou tomando a iniciativa, mas Deivid continuava isolado na frente. Aos 32 minutos Fierro recebeu na área, se enrolou e passou para Leo Moura que bateu cruzado rente à trave. Aos 35 minutos Fierro se chocou com o zagueiro na área e pediu pênalti. O juiz Pathrice Maia nada marcou. O enredo do jogo começou a mudar aos 40 minutos quando Vander fez boa jogada pela ponta-direita e Padovani desviou marcando o gol contra: 1 a zero para o Flamengo.
O Volta Redonda colocou o bloco na rua e foi para cima do Fla logo nos primeiros minutos. Aos 3 minutos, Thiago fez grande jogada pela direita e bateu rente à trave do Flamengo, assustando o goleiro Felipe. Aos 6 minutos, após boa troca de passes, Glauber chutou e o susto foi maior e obrigou o camisa 1 do rubro-negro a fazer grande defesa após desvio na zaga. A pressão continuou e na cobrança de escanteio Felipe, de novo, fez grande defesa na cabeçada de Ávalos. O Flamengo respondeu aos 11 minutos com um bom chute de fora da área de Egídio. Aos 14 minutos Vanderlei Luxemburgo mudou o ataque tirando Deivid e Fierro para a entrada de Marquinhos e Vanderlei. Não demorou muito e eles encaminharam o jogo do jeito que o enredo rubro-negro queria. Jogada de Leo Moura e grande cruzamento na cabeça de Vanderlei e cabeceou bonito para marcar o segundo gol do atual vice-campeão carioca. Depois do gol o Volta Redonda ainda tentou modificar a partida com algumas substituições, mas sem sucesso. O time da Gávea chegou perto do terceiro gol com Marquinhos, mas depois desacelerou. Restou ao Flamengo esperar o tempo passar e comemorar a primeira vitória na Taça Guanabara 2011.
O Flamengo ainda precisa de algumas alegorias a mais para reforçar seu conjunto, mas quando se fala de samba e futebol nada que um Ronaldinho Gaúcho não chegue para resolver e dar a nota da sua camisa: 10.