segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Brasileirão chega ao fim

Flamengo foi campeão! Hexa! Um título mercecido para uma torcida que faz a diferença. Em um campeonato onde ninguém queria ser campeão e foram passando por pura incompetência o primeiro lugar de um para o outro. Andrade demonstrou que não é preciso ser arrogante, hostil, berrar e xingar na beira do campo para ser um bom técnico. Ele comandou uma reação fantástica, deu moral e soube contornar todos os problemas de bastidores que o time teve com toda sua serenidade e calma. Alguns jogadores marcaram seu nome de vez na história do clube como vencedores: Bruno, Leo Moura, Juan e Angelim, todos presentes nos últimos grandes títulos do clube. Pet foi fundamental dentro e fora de campo sendo um verdadeiro líder do time. Adriano foi muito importante com seus gols e algumas atuações memoráveis, mas me espantou muito a forma com que ele atuou nos 2 últimos jogos do time no Maracanã: andando. Parecia sem vontade, sem ânimo e longe de ser o imperador. Se tornou o jogador do tipo: só joga quando quer, e isso é terrível para um time quanto mais com um estádio lotado e lindo como estava o maior do mundo. Vai querer e se motivar para jogar aonde? Em suas declarações parece já querer deixar o clube, mas em nenhum lugar terá as regalias que tem e sem ele, mesmo com todos esses poréms, O Fla não tem substituto à altura para a Libertadores, perde ele e perde o Fla se ele sair. O título serviu para calar a boca de jornalistas que tentam explicar o inexplicável que é o futebol. Frases feitas como: ponto corrido só vence quem tem organização, ct. O Flamengo não paga os salários, mas tem um CT, construiu uma estrutura de uma comissão técnica competente e ficou nos últimos 3 anos entre os 5 primeiros do Brasil. A verdade é que organização, estrutura, e etc é tudo muito bom, mas não ganha nada sozinha senão já poderíamos dar o título antes de começar o campeonato. O futebol é decidido dentro de campo, e quem entra dentro de campo são os jogadores, e nenhum time do Brasil tem um time com jogadores de talento e um equilíbrio em todas as posições como o Flamengo. O Bruno está entre os melhores de Brasil, Juan e Leo Moura entre os melhores laterais, Angelim e Álvaro (que acertou a zaga após a saída de Fábio Lucinaoano)também. Willians e Airton, juntamente com Maldonado e Kleberson estão entre os melhores volantes do país porque além de saberem roubar a bola sabem o que fazer com ela. Pet é um craque e mostra que não é preciso correr o jogo todo para ser útil, e com a bola nos pés é um craque que entrou de vez para a galeria dos grandes ídolos da história do Clube de Regatas do Flamengo. No ataque tem Adriano que com todos seus defeitos decide um jogo quando quer. E no banco uma comissão competente e um técnico que entende o clube, entende os jogadores, soube acalmar os ânimos quando foi preciso e mexer com o brios na hora certa. Tudo isso fez do Flamengo campeão, os bastidores são importantes, mas como o próprio nome já diz, são bastidores, o que vai para o grande palco é o que define o resultado final. Ganha o futebol carioca que renasce com a permanência heróica do Flu e do Botafogo e a volta do Vasco. Ganha um futebol que passou os últimos anos sendo motivo de chacotas dos jornalistas paulistas. Ganha um torcedor que terá um 2010 cheio de esperança, mas uma esperança diferente dos outros anos, não esperança em melhorar, mas esperança em manter a vontade e a competência dessa reta final. Se fizeram tudo isso nas últimas 10 rodadas porque não fazer durante todo o campeonato? A torcida que fez a sua parte lotando o Maracanã em todos os jogos, espera que isso aconteça.

domingo, 29 de novembro de 2009

Ainda não acabou

Grande resultado do Flamengo! Grande Goiás! São paulo pagou pela sua soberba, achar que já tinha ganho o título, o oba-oba, clima que já ganhamos após o empate do Flamengo contra o Goiás. Miranda afirmou que o Fla tinha perdido a chance. Fazia contas para ser campeão nessa rodada, se deu muito mal, cai para quarto lugar e se não respeitar o Sport pode ser surpeendido em pleno Morumbi, pois o time não vem jogando bem (surpresa!). O Inter chegou bem, arrancou na reta final e aproveitou o tropeço e a incompeteência dos rivais, mas tem um azar enorme: ter o Grêmio como quem vai tirar pontos do Flamengo para o colorado ser campeão. O melhor resultado para o Fla, tirando é óbvio o seu, foi o Inter vencer. Desta forma o Grêmio ajudaria diretamente seu rival para ser campeão então não aceitaria nenhuma suposta mala. Alguns jogadores do tricolor gaúcho já afirmaram que o Fla será campeão e que não vão ajudar o rival. No orkut as comunidades do Grêmio pedem para que o time entregue, mas futebol se resolve dentro de campo. O Flamengo está correto, quer se concentrar, não ganhou nada, precisa vencer um jogo ainda e um bom time que é o do Grêmio. A torcida pode incendiar, a imprensa falar que acabou, mas os jogadores tem que manter o pé-no-chão. Sair do Rio e se concentrar totalmente seria a opção mais sensata, até para que novas luzes, holofotes e lâmpadas não tirem o título do rubro-negro que já espera há 17 anos para ser HEXA.

sábado, 28 de novembro de 2009

Um povo sem memória é um povo sem futuro

Para se compreender o presente e planejar o futuro é preciso conhecer seu passado. Isso serve para qualquer povo, qualquer país, qualquer pessoa que quer ser um cidadão consciente. Neste sábado a FACOM realizou o encontro de ex-alunos, dando início a comemoração dos 50 anos do curso de Jornalismo. Ser uma faculdade de renome em todo país não é fácil, é preciso gente, pessoas dedicadas e empenhadas com amor ao magistério. Mas não menos importante são pessoas que entram no curso com sede de saber, de conhecimento, com vocação para a profissão que exige muito mais do que saber cozinhar. Conhecendo as pessoas que vieram, que puderam vir, sabemos o porquê da FACOM ser uma das principais faculdades de jornalismo do país, com todos seus problemas que existem em qualquer lugar. O aluno que se permite viver intensamente na FACOM tem um longo caminho de sucesso pela frente, todos os que hoje foram lá revelaram seu amor e a importância da facom em suas vidas. Pessoas como Leila Barbosa que estava presente na criação do curso e foi fundamental para a história da faculdade, sendo responsável pelos brilhantes textos dos alunos que dão vida a vários jornais e revistas. José Luiz Ribeiro e Malu, pessoas que fundem a sua história com a da faculdade, mestres e doutores não só na sala, mas também no local mais importante e que mais modifica as pessoas: na vida. Márcio Guerra, o amor incondicional à FACOM, dedica sua vida e seu talento monstruoso para fazer de TUDO muito bem, em qualquer projeto se joga com um amor tão grande que transborda e atinge a todos que tem o prazer e a sorte de conviver e aprender ao seu lado. Marcinha, Álvaro, Cris, Paulo Roberto enfim, professores que amam a arte de dar aula e fazem a história da FACOM recheada de sucesso há 50 anos. Parabéns a FACOM! Parabéns aos alunos que por lá passaram e fazem o nome da instituição cada vez mais forte no Brasil e no exterior. Conhecendo essa história e seus atores, sabemos por que mesmo com problemas ainda somos FACOM.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O cerco se fecha

Hoje na coluna de Renato Maurício Prado, o jornalista confirmou o que venho dizendo a muito tempo. Confira: " Jogadores do Corinthians disseram ao presidente do clube, Andres Sanchez, que seus colegas do São Paulo confirmaram que o tricolor paulista ofereceu R$ 1 milhão ao Goiás para tirar pontos do Flamengo. E que já tinha pagado também R$ 500 mil, pelo mesmo motivo, ao Barueri.
Não custa lembrar que, por causa da polêmica da 'mala branca', o artilheiro Val Baiano e o goleiro titular Renê foram afastados da equipe após a vitória sobre o rubro-negro carioca e 'suspensos'. Exatamente da partida contra o São Paulo ... Só falta, agora, acontecer algo parecido com o Goiás! "
E vai acontecer, como um time recebe essa grana numa semana de um time e ganha dele. São Paulo campeão! Foi premeditada a não escalação do principal jogador e atacante do Barueri, se isso não bastasse, o juiz ainda não deu um pênlati claro. Como já disse no blog, ninguém vai conseguir provar nada! A não ser que a polícia interfira, o que seria um bem para o futebol brasileiro que já convive com essas práticas há muito tempo, infelizmente.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vôlei em Juiz de Fora

Juiz de Fora tem talento para o esporte, como qualquer cidade do Brasil. Nosso país tem vários campeões olípicos perdidos por aí. O que sempre faltou foi incentivo e condições para que os talentos floresçam. O investimento em esporte é fundamental para o Brasil se tornar um país olímpico e muito mais que isso, se tornar um país com educação de verdade, não essa que passa os alunos sem saber até que eles entrem nas Universidades pelo REUNI, sem ter capacidade e conhecimento necesário para ser, em primeiro lugar, um cidadão.
Nossa cidade já teve e tem vários esportistas de renome nacional e internacional. Mas poderiam ser mais, os que conseguem tem que lutar contra várias adversidades além das esportivas para praticarem o desporto como profissão. Os empresários ainda não entenderam o retorno que investir em esporte pode lhes trazer. Desta forma vários talentos são perdidos ao longo do tempo, por vários problemas menos a falta de vocação para o esporte. Por que as empresas de ônibus, por exemplo, que faturam fortunas explorando o transporte PÚBLICO da cidade, não são obrigadas por lei a repassar uma parte do lucro a entidades esportivas sérias que vão criar novos centros e investir no esporte? Falta de vontade e achar que o esporte é brincadeira. Não é. Os EUA não são potências esportivas à toa, lá o esporte e algo muito sério e rende muito dinheiro.
Uma luz no fim do túnel na cidade foi o 1° Torneio de Vôlei cidade de Juiz de Fora. Muito bem organizado, com patrocinadores e de alto nível, mostrou que com um pouco de vontade é possível trazer grandes campeonatos e jogos para a cidade. Além disso temos o time da UFJF de vôlei que movimenta não só as faculdades de Ed. Física, Comunicação, Estatística e Fisioterapia, mas a cidade. O time faz com que talentos da cidade não precisem de sair daqui para terem uma carreira, faz com que crianças ao irem ao ginásio, tenham a vontade de praticar esportes. É possível termos um time na Superliga, o torneio mostrou isso, basta os empresários e autoridades da cidade incentivarem e entenderam a importância do esporte na formação de uma pessoa. Confira uma reportagem aqui no blog que eu fiz sobre o torneio e sua importância para resgatar o tempo em que a cidade tinha grandes times de vôlei.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Não se prova nada contra quem tem poder

Assim como na política do nosso país, no futebol não se prova nada contra quem tem poder. Tudo tem que ser provado, por mais que se tenha provas, vídeos e indícios reais, o detentor do poder se apoia na máxima: "todos são inocentes até que se prove ao contrário." Ronaldo Angelim, do Flamengo, declarou após o jogo que o Goiás teria recebido 300 mil do São paulo para complicar o Flamengo. Não duvido nem um pouco. Não vai jogar contra o tricolor o mesmo que jogou contra o Flamengo. Quando a história da mala branca reapareceu após Flamengo e Barueri, vários jogadores e o técnico Mano disseram que isso era normal e tinha gente que vinha fazendo isso há anos e não acontecia nada. O São paulo vestiu a carapuça e respondeu Mano. Ano passado o Vitória deixou o Grêmio fora do título jogando muita bola, deixando o campeonato para o São paulo. O Goiás empatou após estar perdendo por 3 a o para o Flamengo no Maracanã e não mostrou o mesmo empenho no jogo do título do São Paulo. Os dirigentes são-paulinos e o jogador Washington já esbravejaram que Angelim terá que provar. Amigos, como provar uam coisa dessa. Quem recebeu vai declarar a culpa que recebeu? E quem pagou vai admitir que pagou? Nunca. Se não houver uma investigação policial nada será provado. Até o caso de Edilson Pereira de Carvalho que manchou o Brasileiro de 2005, foi provado, gravado e não deu em nada. Já venho falando a tempos que existe algo de estranho no favorecimento a alguns clubes no Brasileiro. Se investigarem, poderemos ter a tal prova que o coitado do Angelim ouviu falar e não vai conseguir provar sozinho, mas onde há fumaça há fogo.

domingo, 22 de novembro de 2009

Matéria Bar e estádio

São paulo campeão

O campeonato brasileiro acabou! São Paulo campeão mais uma vez! Com um futebol sem graça, feio, retrancado, mas que no nível fraco do futebol brasileiro faz a diferença por um motivo: não perdoa falhas do adversário. Alguns chamam de eficiência outros de frieza, mas o que não dá para negar é que os torcedores vão comemorar o título é claro, mas daqui a alguns anos não vão saber escalar o time nem se lembrar daquele jogo memorável, do grande lance, do grande craque, por que eles não existiram. Não existe um grande time no torneio, será o pior aproveitamento de um campeão em todos os torneios de pontos corridos conhecidos e famosos no mundo. O Goiás vai perder para o São Paulo, já fez o seu “papel” de atrapalhar um dos líderes, e vai “dormir com a cabeça tranqüila” mesmo perdendo do São Paulo. Mostrou por que despencou na tabela, um time feio que faz muita falta para parar o lance apesar de possuir bons jogadores como Fernandão e Iarley. O Flamengo foi incompetente no jogo que era realmente o jogo do título. Se tivesse vencido era campeão, mas não conseguiu entender isso e não aproveitou as chances, sem vontade e gana de ser campeão. Psicologicamente está abalado, mesmo apenas a 1 ponto do líder não vence. A matemática pode parecer simples, mas o futebol hoje em dia é infelizmente feito de estado psicológico dos jogadores, vide o Fluminense. Outro fator a se investigar é o que já escrevi nessa coluna, na Alemanha encontraram um mega esquema de manipulação de resultados. Se investigar aqui no Brasil vão achar muita coisa nos bastidores do nosso futebol. Muita coisa feia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Brasileirão na reta Final

O Campeão Brasileiro não vai ultrapassar os 69 pontos! Certeza! Palmeiras e São Paulo fazem no máximo 11 dos 15 pontos que vão disputar. Isso abre chance para Flamengo e Atlético-MG chegarem ao título. Acho que os dois merecem muito mais. Apesar de terem vacilado muito em algumas fases da competição, os dois times apresentam um futebol mais bem jogado do que os atuais líderes. Tem jogadores de qualidade e não se baseiam em fazer faltas, marcar e fazer gol de bola parada. Não jogam um futebol feio. Além disso, fora de campo será um prêmio para as duas torcidas! Os times paulistas só enchem os olhos dos jornalistas bairristas de São Paulo. Nem suas torcidas se empolgam com o futebol apresentado pelo tricolor e pelo verdão. O triste é que ou Flamengo ou Atlético-MG dão adeus ao título na próxima rodada. Se os dois empatarem o título vai ser decido entre os dois sem graça São Paulo e Palmeiras. Em caso de vencedor, o Atlético-MG vai rumo ao título, podendo empatar um dos 4 últimos jogos para ser campeão, já o Flamengo só consegue o hexa se vencer todos os outros 4 jogos que lhe restam. È uma missão mais difícil para o rubro-negro. Confesso que, é claro, vou torcer para o Flamengo, mas torço para não haver empate e se o galo vencer, arrancar para o título, pois vai ser muito chato mais uma vez ver o futebol de Muricy ou a retranca eficiente do São Paulo campeã do Brasileirão do menos pior campeão.
Na Libertadores acredito que o número mágico será 64 pontos. Flamengo e Atlético-MG estão muito perto, mas dependendo do resultado de domingo, um time pode se abater nessa reta final e dar brecha ao Cruzeiro, pois acredito que Grêmio e Inter não tem mais fôlego para chegar ao G4. Resta acompanhar e, é claro, torcer para os homens de preto não mancharem e pararem de atrapalhar o futebol brasileiro. Vale a pena acompanhar os “erros” a favor do São Paulo e Palmeiras nessa reta final, já vai ser triste demais o campeão ser o menos pior do campeonato, se for ajudado pela arbitragem mais um ano será lastimável.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Futebol e Cultura no Brasil

Nos domingos ensolarados do Rio de Janeiro do início do séc. XX, era grande a aglomeração de pessoas na beira da baía de Guanabara para assistir ao esporte mais popular da época. Engana-se quem acha que esse esporte era o futebol. O remo era o grande esporte do Brasil de 1900. Daí podemos entender o porquê dos grandes clubes cariocas terem regatas sem eu nome: Clube de Regatas do Flamengo, Botafogo de Futebol e Regatas e Clube de Regatas Vasco da Gama. Mas por que o remo não permaneceu como esporte preferido das multidões? Mário Filho, afirma em seu livro Histórias do Flamengo que um remador era alto, forte, porte físico de atleta e que o esporte era praticado pelas elites. O futebol também. Os jovens filhos de pessoas mais abastadas iam estudar fora do país, principalmente na Inglaterra, e por lá praticavam o Football. Ao voltarem para o Brasil traziam com eles, além da bola, a paixão por esse esporte. Só que diferente do remo, o futebol pode ser jogado por qualquer pessoa, independente de seu porte físico. O espectador do futebol via nesse jogo uma proximidade maior da sua realidade, onde um baixinho, gordinho e até um raquítico, poderia fazer miséria dentro de campo. Bem diferente do remo.
Com toda essa democracia dentro de campo, não tardou para que o futebol caísse no gosto popular. E nesse momento, acontece o fato que seria decisivo para o futebol se transformar em cultura nacional: a entrada do negro nesse esporte. O negro traria a ginga e o improviso característico do futebol brasileiro. E pelo lado cultural, daria a uma enorme parcela da população, até então totalmente excluída, uma chance de se mostrar melhor que as elites, mesmo que seja , naquele momento, dentro de campo. O futebol, então, será para muitos negros e mestiços a única chance de ascensão social e uma forma de se realizar, vendo a vitória do seu time como sua. O pesquisador em comunicação Victor Andrade de Melo afirma que o futebol seria a antítese das passeatas das elites. Será no estádio que a população vai sublimar suas tristezas.
Faltava essa cultura do futebol ganhar o país para se consolidar de vez. Com a criação do Estado Novo, a ditadura Vargas impôs um rígido controle nas redações dos jornais. Coube ao futebol virar carro-chefe dos periódicos da época. As simples descrições dos jogos que antes ganhavam pequeno espaço na diagramação no jornal transformaram-se em capas. Os jogos em batalhas épicas e os jogadores viraram personagens heróicos. Foi Mário Filho que iniciou esse jornalismo esportivo mais romântico, tratando o atleta como um personagem humano e ao mesmo tempo herói. Não foi à toa que nessa época tivemos a primeira experiência de marketing esportivo no Brasil: Leônidas da Silva, o diamante negro, ganhou alguns trocados para ceder seu apelido ao famoso chocolate.
Vargas, que usava o recém inaugurado estádio do Vasco – São Januário – para seus discursos com as célebres interlocuções: “ Trabalhadores do Brasil!” fez, sem ter dimensão, um bem para a consolidação do futebol como cultura no país. Ao criar a Rádio Nacional dentro da sua política nacionalista que incluía o petróleo e a siderurgia nacional, levou os duelos dos times do Rio para todo o país. Foi o que faltava para fazer do futebol a paixão nacional.
Mas foi o mesmo rádio, que transformou o país em uma “pátria de chuteiras”, que fez o Brasil chorar na final da Copa de 50. Essa Copa foi feita para o Brasil ganhar, era sede da Copa, construiu o maior estádio de futebol do mundo, tinha um super time, base do Vasco campeão carioca, e estava dizimando seus adversários até a final. Seria a coroação do país do futebol. O gol de Ghiggia que virou o jogo para o Uruguai calou as mais de 200 mil pessoas presentes no Maracanã e escreveu um dos capítulos mais sombrios da história do Brasil. Não é exagero, a força que o futebol tem na cultura do país levou todo um país a uma comoção geral. O que levou Nélson Rodrigues a definir como “complexo de vira-latas do povo brasileiro”.
Esse complexo continuou em 1954 na famosa batalha de Berna na Suíça. Copa do Mundo, Brasil e a poderosa Hungria de Puskas e Cia, muita chuva, briga e no final derrota brasileira. Junto ao complexo vieram as críticas de que o Brasil tremia, amarelava, que tinha sido criado para perder, um país de miscigenados fadados ao fracasso.
Coube a um mestiço, estrábico e de pernas tortas e a um negro acabar com esse estigma. Curiosamente Garrincha e Pelé não jogaram os dois primeiros jogos. Após uma vitória contra a Áustria e empate contra a Inglaterra, apenas uma vitória contra a temível URSS deixaria o Brasil vivo na Copa de 1958. Os jornais davam como certa a derrota, os russos tinham o futebol científico, atuais campeões olímpicos. Os brasileiros passaram a acreditar que a Copa era possível, depois de assistir a maior dupla que uma seleção mundial já teve: Pelé e Garrincha. Com eles a seleção nunca perdeu. O futebol científico foi derrotado pelo improviso e arte do futebol brasileiro. Após esse jogo, o povo saiu para a rua com bandeiras, carreatas, as escolas de samba desceram o morro e invadiram as avenidas, o complexo de vira-latas caía. O povo brasileiro tinha orgulho de sua bandeira, o patriotismo votou à tona. Ganhamos a Copa. Os jogadores foram recebidos como heróis e posavam para fotos ao lado de políticos. Tornávamos-nos o país da Copa do Mundo e mundialmente conhecidos como país do futebol. Éramos bons no samba e bons no couro.
Nessa época o Brasil vivia um grande momento como país. A Bossa Nova era criada e levava para o mundo a música brasileira. Os anos dourados criaram a auto-estima em todo povo brasileiro, finalmente éramos reconhecidos como os melhores. Os 50 anos em 5 de JK, a industrialização automobilística, construção de Brasília: o Brasil ia melhorar; e é claro que o futebol como elemento da cultura nacional influenciou nessa onda de positivismo.
Positivismo que substituiu a desconfiança na seleção brasileira em 1962. Mesmo com Pelé machucado, Garrincha jogou por ele e pelo “rei” e o Brasil foi bi-mundial no Chile. Era a confirmação do melhor futebol do mundo.
Melhor futebol que não apareceu em 1966 na Inglaterra, O Brasil fez sua pior campanha em Copas, saindo na 1° fase. Chegava ao fim a era Garrincha.
Em 1970 começou outra era, a era do futebol ao vivo, via satélite. A ditadura militar incentivou a compra de televisores coloridos e associou a seleção ao regime. A seleção levava consigo uma música com letra de ordem dos militares: Pra frente Brasil! Culturalmente a vitória deu a alegria para o povo que preferia se remeter ao futebol a enxergar o que acontecia nos porões da ditadura. O AI-5, instaurado 2 anos antes era momentaneamente esquecido por uma seleção fabulosa que encantou o mundo e nos deu o tri.
O regime militar entendeu bem o que o futebol representava na cultura do país. Era o circo para o povo. Construiu junto com as mega-obras, como a ponte Rio-Niterói, grandes estádios, com altíssimas capacidades nas grandes cidades do país. Não foi à toa que o Campeonato Brasileiro surgiu em 1971, reafirmando a cultura de país do futebol.
Em 1974, ficamos em 4° lugar, em 1978 em 3° lugar. Nesta última Copa com outra ditadura usando do futebol como propaganda. O título da Argentina serviu para demonstrar que o futebol é visto como cultura não só no Brasil. Através de vitórias e títulos países vão esquecer suas tristezas e problemas e entrar numa catarse coletiva.
Nos anos 80, a cultura do futebol no país se reafirmou com os grandes craques da época e com os títulos internacionais dos grandes clubes como Flamengo e Grêmio. O futebol arte brasileiro levou um duro golpe na Copa de 1982 e se repetiu em 86, levando ao futebol de resultado de 90 e 94 que mesmo esse último sendo campeão, não encantou o torcedor brasileiro, mostrando que a nossa cultura esportiva é de uma vitória plena, com total superioridade sob o adversário, sem nenhuma dúvida.
A falta de encanto do torcedor pela seleção também se deve ao êxodo dos grandes craques, provocando um distanciamento em relação ao povo. Os jogadores jogam no máximo 2 anos em seus clubes, sem criar identidade com o torcedor. E na seleção se apresentam em amistosos caça-níqueis da CBF para gerar cada vez mais fortuna para a instituição em qualquer canto do mundo. Tornando a Seleção Brasileira, um dos símbolos nacionais, produto de venda para quem pagar mais.
Esse tratamento do futebol como produto cultural e não elemento cultural esfria a sua relação com o torcedor, mas de maneira nenhuma apaga a paixão do brasileiro pelo futebol. Faz parte da nossa cultura, enraizada e praticado em qualquer canto do país. È a nossa natureza. O Brasil é o país do futebol. No sonho de qualquer menino em jogar num estádio lotado. Na garota que te dá bola ou não. Na entrevista de emprego que bate na trave e na atitude errada que é bola fora. Com certeza Charles Miller não tinha noção que a bola e o esporte trazido da Inglaterra mudaria para sempre a história desse país, transformando-o em cultura e afirmação de um povo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Volantes no comando

Estava assistindo ao jogo do Brasil no Sul-Americano Sub-20 e me assustei quando o comentarista do excelente canal Esporte Interativo disse que o Brasil jogava com 4 volantes. Achei uma grande novidade, mas parei para pensar e percebi que a maioria absoluta dos times brasileiros jogam com 4 volantes. Alguns jogadores são chamados de armadores mas são originalmente volantes, e por terem um bom passe (como se não fosse obrigação de qualquer jogador de futebol) são deslocados para armar o time. E o que se vê no futebol é uma série de jogadores fortes fisicamente e com excelente preparo e sem nenhuma qualidade. O bom futebol, o futebol bem jogado está praticamente morto, raramente se verá um grande gol com uma arrancada fantástica de um jogador driblador. Primeiro porque jogadores com condição de fazer isso não são revelados e se o jogador existisse certamente seria parado com falta, afinal, hoje falta é um recurso do jogo. Nesse clima as divisões de base dos clubes se enchem de jogadores fortes e com preparo físico e os craques e jogadores habilidosos são deixados de lado. Não conseguiram enxergar que preparo e força física qualquer um pode ter, agora dom para jogar futebol não se ensina em lugar nenhum.

Futebol na Idade da pedra

No último domingo, a NFL deu uma aula de organização de um esporte. O evento é o mais assistido nos EUA e tem o minuto mais caro da televisão mundial: U$3 milhões. Mas não é apenas no lado econômico que qualquer esporte deve se espelhar. Primeiro que seguindo a tradição americana, os jogadores fazem esporte desde a escola fundamental, depois podem ingressar numa universidade pelas suas aptidões esportivas e saem de lá com uma profissão, ou seja, se não derem certo na carreira como jogador, tem outra alternativa na vida. O esporte lá é realmente levado a sério e os empresários investem muito porque sabem do retorno que o esporte dá. A decisão é em um estádio neutro, com toda a modernidade, assentos confortáveis, banheiros, segurança, comida de qualidade, shows nos intervalos. Com tudo isso, é fundamental que não aconteça erros, principalmente da arbitragem.
Como muitos afirmam no Brasil: “o bom do futebol é discutir se foi ou não foi gol, se ganhou no apito ou não”. Felizmente lá eles já entenderam que isso não faz parte de um trabalho profissional. São centenas de pessoas envolvidas no jogo, pessoas que podem perder o emprego se não vencerem, pessoas que dedicaram meses de trabalho para conquistar um objetivo e só devem perder um jogo por erro delas mesmas e não por terceiros despreparados. Restará para os fãs e jornalistas discutir quem foi melhor em campo, qual jogada foi mais bem armada.
A arbitragem da NFL é absurdamente organizada, a chance de erro é quase nula. Primeiro que temos vários juízes acompanhando o jogo de fora e de dentro do campo, cada um olhando para uma área, onde nada passa desapercebido. Uma agressão fora do lance é vista e imediatamente punida e o atleta diferentemente do brasileiro e do futebol, não discute com o juiz porque sabe que se foi marcado é porque realmente foi e as câmeras vão mostrar. Existe uma equipe de juízes em contato com o juiz principal que veem o jogo numa cabine com câmeras. Qualquer lance duvidoso é imediatamente visto e revisto pelos juízes, as imagens são passadas ao mesmo tempo no telão do estádio, após a decisão, o juiz principal anuncia para todo o estádio a veredicto final. Detalhe: o lance duvidoso pode ser pedido para ser revisto pelo time que se achou prejudicado com a decisão. Organização total porque sabem que em um esporte profissional não pode ser decidido por erro de terceiros. O Tênis utiliza o recurso das imagens, o basquete também e outros esportes.
E o nosso futebol continua sem utilizar. A FIFA não muda as regras. O impedimento, algo impossível do olho humano ver, dependendo do ângulo da jogada, continua destruindo times e bandeirinhas. Os juízes não são profissionais. A decisão de uma jogada deve ser tomada rapidamente no calor do jogo e na velocidade que aconteceu, resultado: os erros absurdos e inexplicáveis que veem acontecendo não só no Brasil mas no futebol Mundial, quem não se lembra do absurdo favorecimento da Coréia do Sul na Copa de 2002, que o digam Itália e Espanha. Enquanto a FIFA ganha rios de dinheiro os torcedores e os profissionais do futebol esperam para ver se seu trabalho de meses vai ser atrapalhado pela arbitragem e se teremos que discutir no dia seguinte se foi ou não foi gol. Ainda tem gente que acha que esse é o barato do futebol, barato bem caro diga-se de passagem.