quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Volantes no comando

Estava assistindo ao jogo do Brasil no Sul-Americano Sub-20 e me assustei quando o comentarista do excelente canal Esporte Interativo disse que o Brasil jogava com 4 volantes. Achei uma grande novidade, mas parei para pensar e percebi que a maioria absoluta dos times brasileiros jogam com 4 volantes. Alguns jogadores são chamados de armadores mas são originalmente volantes, e por terem um bom passe (como se não fosse obrigação de qualquer jogador de futebol) são deslocados para armar o time. E o que se vê no futebol é uma série de jogadores fortes fisicamente e com excelente preparo e sem nenhuma qualidade. O bom futebol, o futebol bem jogado está praticamente morto, raramente se verá um grande gol com uma arrancada fantástica de um jogador driblador. Primeiro porque jogadores com condição de fazer isso não são revelados e se o jogador existisse certamente seria parado com falta, afinal, hoje falta é um recurso do jogo. Nesse clima as divisões de base dos clubes se enchem de jogadores fortes e com preparo físico e os craques e jogadores habilidosos são deixados de lado. Não conseguiram enxergar que preparo e força física qualquer um pode ter, agora dom para jogar futebol não se ensina em lugar nenhum.

Futebol na Idade da pedra

No último domingo, a NFL deu uma aula de organização de um esporte. O evento é o mais assistido nos EUA e tem o minuto mais caro da televisão mundial: U$3 milhões. Mas não é apenas no lado econômico que qualquer esporte deve se espelhar. Primeiro que seguindo a tradição americana, os jogadores fazem esporte desde a escola fundamental, depois podem ingressar numa universidade pelas suas aptidões esportivas e saem de lá com uma profissão, ou seja, se não derem certo na carreira como jogador, tem outra alternativa na vida. O esporte lá é realmente levado a sério e os empresários investem muito porque sabem do retorno que o esporte dá. A decisão é em um estádio neutro, com toda a modernidade, assentos confortáveis, banheiros, segurança, comida de qualidade, shows nos intervalos. Com tudo isso, é fundamental que não aconteça erros, principalmente da arbitragem.
Como muitos afirmam no Brasil: “o bom do futebol é discutir se foi ou não foi gol, se ganhou no apito ou não”. Felizmente lá eles já entenderam que isso não faz parte de um trabalho profissional. São centenas de pessoas envolvidas no jogo, pessoas que podem perder o emprego se não vencerem, pessoas que dedicaram meses de trabalho para conquistar um objetivo e só devem perder um jogo por erro delas mesmas e não por terceiros despreparados. Restará para os fãs e jornalistas discutir quem foi melhor em campo, qual jogada foi mais bem armada.
A arbitragem da NFL é absurdamente organizada, a chance de erro é quase nula. Primeiro que temos vários juízes acompanhando o jogo de fora e de dentro do campo, cada um olhando para uma área, onde nada passa desapercebido. Uma agressão fora do lance é vista e imediatamente punida e o atleta diferentemente do brasileiro e do futebol, não discute com o juiz porque sabe que se foi marcado é porque realmente foi e as câmeras vão mostrar. Existe uma equipe de juízes em contato com o juiz principal que veem o jogo numa cabine com câmeras. Qualquer lance duvidoso é imediatamente visto e revisto pelos juízes, as imagens são passadas ao mesmo tempo no telão do estádio, após a decisão, o juiz principal anuncia para todo o estádio a veredicto final. Detalhe: o lance duvidoso pode ser pedido para ser revisto pelo time que se achou prejudicado com a decisão. Organização total porque sabem que em um esporte profissional não pode ser decidido por erro de terceiros. O Tênis utiliza o recurso das imagens, o basquete também e outros esportes.
E o nosso futebol continua sem utilizar. A FIFA não muda as regras. O impedimento, algo impossível do olho humano ver, dependendo do ângulo da jogada, continua destruindo times e bandeirinhas. Os juízes não são profissionais. A decisão de uma jogada deve ser tomada rapidamente no calor do jogo e na velocidade que aconteceu, resultado: os erros absurdos e inexplicáveis que veem acontecendo não só no Brasil mas no futebol Mundial, quem não se lembra do absurdo favorecimento da Coréia do Sul na Copa de 2002, que o digam Itália e Espanha. Enquanto a FIFA ganha rios de dinheiro os torcedores e os profissionais do futebol esperam para ver se seu trabalho de meses vai ser atrapalhado pela arbitragem e se teremos que discutir no dia seguinte se foi ou não foi gol. Ainda tem gente que acha que esse é o barato do futebol, barato bem caro diga-se de passagem.