segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Com a “sorte” e com a raça

Pela nona vez na sua história em Copas do Mundo, o Brasil entrou em campo com a camisa azul. A primeira vez foi na final do Mundial de 1958 contra a Suécia. Depois de um sorteio, o Brasil foi obrigado a jogar com o uniforme. Paulo Machado de Carvalho, o marechal da vitória, já sabendo da superstição brasileira, deu a notícia aos jogadores enfatizando que o Brasil jogaria com a cor do manto de Nossa Senhora. Deu certo, os jogadores venceram a Suécia por 5 a 2 e a seleção conquistou seu primeiro título mundial. Em 2002, os craques são outros, mas a superstição é a mesma.

Pelas quartas de final da Copa, Brasil e Inglaterra se enfrentaram em um jogo tenso e que segundo os críticos mais ferozes, marcaria a eliminação do time de Luiz Felipe Scolari. Depois das fracas atuações nas fases anteriores, o Brasil entrou em campo melhor e dominando as ações do jogo contra uma das favoritas ao título. Com boa movimentação de Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo, o trio ofensivo brasileiro levava perigo ao gol de Seaman com toques rápidos. Até que aos 23 minutos do primeiro tempo, Heskey lançou mal para Owen mas, numa falha absurda, Lúcio dominou errado e deixou o jovem atacante inglês frente a frente com Marcos que nada pode fazer. O gol inglês não abalou o time brasileiro que continuou dominando o jogo. Os supersticiosos de plantão que já previam o fracasso, começaram a “caça as bruxas”. Os principais culpados seriam Lúcio e o polêmico e controvertido técnico Felipão. O Brasil apertava mas não conseguia criar chances claras de gol, a figa do técnico brasileiro parecia não funcionar. Até que a mística da camisa 10 da Seleção entrou em ação e Ronaldinho deu uma arrancada perfeita e deixou Rivaldo sozinho para acertar o canto num belo chute e empatar o jogo para a seleção canarinha. Isso já nos acréscimos do primeiro tempo, fazendo o torcedor voltar a acreditar na classificação para mais uma semifinal de Copa.

O segundo tempo começou com o Brasil pressionando a Inglaterra. A sorte parecia estar ao lado do time de Felipão e aos quatro minutos, em uma cobrança de falta magistral, Ronaldinho acertou o ângulo de Seaman, que adiantado, nada pode fazer. O manto azul brasileiro, que já tinha sido usado em um jogo de quartas de finais contra a Holanda em 1994, ia garantindo a vaga do time entre as quatro melhores seleções do torneio. Os supersticiosos já comemoravam a sorte da camisa e de Felipão, quando o melhor jogador do Brasil em campo, Ronaldinho deu uma entrada forte em Mills e foi expulso. A sorte parecia virar de lado e a torcida brasileira de apegava a qualquer amuleto para o jogo acabar rápido. O Brasil se fechou e manteve apenas Ronaldo e Rivaldo puxando os contra-ataques com subidas esporádicas de Roberto Carlos e Cafu. A Inglaterra passou a ter mais posse de bola mas não conseguia superar a defesa brasileira que estava bem postada. Ronaldo deu lugar a Edílson, mas o time não conseguiu encaixar um contra-ataque para matar o jogo. A Inglaterra continuava sem assustar o goleiro Marcos e a retranca armada por Scolari não dava espaço aos súditos da rainha. O técnico inglês, Erikson tentou modificar a maneira do time jogar mas o Brasil segurou bem e o jogo terminou 2 a 1. Festa verde-amarela e azul em Shizuoka e alívio para os dedos brasileiros cansados de fazer figa.

Se todo supersticioso gosta de um jogo como marco para uma arrancada para um título esse foi o jogo. Apesar de não exibir um grande futebol, o time de Felipão mostrou muita raça para superar a inferioridade numérica e a pressão inglesa. Um boa vitória do Brasil contra um rival antigo, que eliminou a Argentina da Copa na primeira fase, e que deixa o Brasil com mais moral e favorito para a semifinal contra a Turquia. Como diria o rei da superstição, Zagallo: só faltam dois jogos para o Penta.

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